quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

PERGAMINHO N. 10 VIDA DA PRIMEIRA FAMILIA.

O Criador conhecendo o perigo dessa armadilha, entristeceu-se, pois ao olhar para o futuro, 
pode ver tantos filhos Seus sendo desviados do caminho da salvação. Quantos se apegariam aos 
símbolos julgando encontrar neles virtude!





Deus em seu amor e cuidado, não os deixaria inconscientes do perigo que os ameaçava. Sabia o
quanto Adão e sua companheira amavam aqueles cordeiros que, ao morrerem sobre o altar,
ofereciam-lhes luz e calor. Facilmente poderiam ser induzidos a vê-los como fontes de vida e luz,
passando a reverenciá-los.


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Muitas semanas já haviam passado, trazendo consigo as noites de dor e sacrifício, seguidas
pelos dias de esperança e saudade dAquele Pai carinhoso, o qual depois de fazer-lhes promessas e
enxugar suas lágrimas, tornara-Se invisível diante de seus olhos. Cada dia que passava, trazia para o
casal novo fardo de saudade, fazendo-os indagar a cada entardecer: - Quando beijaremos novamente
Sua face? Quando seremos envolvidos por Seus braços, caminhando sob a luz de Seu amor?! Quanta

saudade sentiam daquelas noites edênicas, quando adormeciam no colo macio de seu divino Pai!

 Mais uma semana de trabalho e lições aprendidas estava findando. O sol em seu declinar
anunciava outra noite de arrependimento e de sangue inocente a banhar o altar.O silente casal estava
longe de imaginar que naquela noite, o doloroso golpe que sempre era seguido pelo fogo, revelarialhes a face bendita do Pai.

Com as mãos trêmulas, Adão ergue o cordeiro que, mudo, não faz nenhuma resistência ao ser
deposto sobre o altar. Lágrimas rolam em seu rosto ao pensar que mais um inocente animal
mergulhará nas odiadas trevas da morte, para com seu sangue gerar a luz. É doloroso sacrificar, mas
não há outro caminho de salvação. Unicamente através do sangue derramado do cordeiro, poderão
viver para contemplar no futuro a face do Pai.

Num penoso esforço Adão faz cair aquela pedra pontuda sobre o cordeirinho que, num gemido
de dor derrama o seu sangue. Uma Luz gloriosa logo bane as trevas inundando toda a colina com
seus raios de vida. Através das lágrimas o casal então contempla em meio ao fogo do altar, o Criador.
Num gesto de amor, Deus abre os Seus braços como outrora, e com um sorriso caminha para o
tão almejado abraço. Sem encontrar palavras que expressem sua imensa saudade, o casal lança-se ao
Seu peito e chora amargamente divino Pai, comovido, também chora, mas procura consolar seus
filhos, com seu doce sorriso.

Com emoção o casal contempla a face do Pai, envolvendo-a com beijos e carinhos. O amor
deles por Ele fora intensificado pelo sofrimento.
Gratos e felizes, caminham ao lado do Criador, mostrando-lhe os jardins carregados de flores e
frutos. Contam-lhe das lições aprendidas junto à natureza; Mostram-Lhe o rebanho domado pelo
afeto.
Iluminados pela suave luz do Eterno Pai, o casal assenta-se aos Seus pés como outrora, para

ouvir Seus ensinamentos. O Criador, olhando-os com ternura, passa a adverti-los do perigo. Orientaos a respeito dos sacrifícios de cordeiros, que eram importantes no sentido de manterem sempre em
mente a certeza de um Salvador vindouro que, como os cordeiros, seria sacrificado para redenção
dos pecadores. Os cordeiros, contudo, não possuíam em si poder para perdoar as culpas, pois
consistiam apenas símbolos do Messias Rei.


Depois de serem conscientizados do perigo de apegarem-se aos símbolos buscando encontrar
neles a salvação, o casal recebeu a incumbência de transmitir essas orientações aos seus
descendentes.

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Depois de advertir o ser humano, o Criador pousando o olhar sobre as ovelhas que jaziam
adormecidas junto aos seus filhotinhos, exclamou: - Como são belos os cordeirinhos! O casal, num
misto de felicidade e dor acrescentou:- Eles quando acordados saltam de prazer, esquecidos de que ao
nascerem e ao morrerem causam tanta dor!
Depois de contemplar os cordeirinhos, Deus fitou o casal com ternura, revelando-lhes algo que
os surpreendeu e alegrou:
-Quando desses cordeiros trinta e seis houverem subido ao altar, os vossos braços envolverão
o primeiro filho que ,como eles surgirá também da dor. Esse filho em sua infância lhes trará alegria
saltando como os cordeirinhos em vosso lar. Devereis instruí-lo com dedicação nas leis da
harmonia, mostrando-lhes o caminho da redenção. Como vocês, ele será livre para escolher o rumo
a seguir.
Aceitando o ensinamento, sua vida será vitoriosa; rejeitando-o, caminhará para a derrota.Adão e Eva ouviram com alegria a promessa divina, mas ao mesmo tempo experimentaram no
profundo do ser um temor ao conscientizar-se da responsabilidade que teriam. Sabiam que Satã faria
todos os esforços para levar a criança prometida à perdição.
Era noite alta quando o Criador, depois de acariciar seus filhos, os deixou adormecidos sobre o
gramado macio.

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Depois da promessa, cada cordeirinho levado ao altar fazia pulsar mais forte no ventre materno
a esperança da alegria que em breve alcançariam.Trinta e seis finalmente baixaram às trevas
cumprindo o tempo determinado pelo Criador em que a primeira criança receberia a luz.

Com as mãos ainda manchadas pelo sangue do sacrifício, Adão amparou sua esposa que, aos
pés do altar prostrou-se vencida pela dor que lhe trouxe o primeiro filho. A pequena criança não
trazia na face a alegria da liberdade, mas o choro de sua prisão; Esse pranto duraria a noite inteira,
não fosse o brilho daquela chama aquecida de esperança que, logo atraiu a atenção de seus olhinhos
atentos. Envolvendo-o com alegria, Eva consolada de seu sofrimento, disse: “Alcancei do Senhor a
promessa”. Deu-lhe então o nome de Caim.

Depois de envolver o filhinho com as peles macias de um cordeiro, o casal permaneceu
acordado a meditar. Muitos eram os pensamentos que ocupavam suas mentes: pensamentos de
alegria, de gratidão, de esperança e de anseio pelo senso da responsabilidade que agora pesava sobre
seus ombros.

Acariciando com ternura a pequena criança, o casal amadureceu em sua experiência,
compreendendo melhor o misterioso amor de Deus que, para salvar Seus filhos, dispôs-se a morrer
em lugar deles.
Adão e Eva não estavam sozinhos em suas reflexões: todos os seres inteligentes do Universo
consideravam com interesse sobre o futuro daquele indefeso bebê que no íntimo trazia um reino de
dimensões infinitas, a ser disputado pelos dois poderes em luta. Quem seria o Senhor de sua vida?!
Trilhariam os seus pés o caminho ascendente que leva à vida, ou a estrada descendente que termina
no abismo de uma eterna morte?!

Vendo a criança esboçar o seu primeiro sorriso, o casal subtamente lembrou-se da promessa do
Criador que era confirmada em cada sacrifício : Ele nasceria da mulher como criança, com a missão
de redimir a humanidade. Não seria Caim já o cumprimento da promessa? O infante com seus
olhinhos brilhantes de alegria se parecia tanto com os cordeirinhos que nasciam e cresciam com a
missão de serem sacrificados! Considerando assim, o casal apertando o filhinho junto ao peito
começou a chorar sem consolo. Quão terrível, seria oferecer seu filhinho inocente ao rude altar!
Para o casal compungido pela dor, surgiu em fim o brilhante sol fazendo reviver com seus
cálidos raios as promessas que apontavam para um Salvador que, ainda no futuro, nasceria também

da dor para cumprir o eterno plano de redenção.

Abençoada pelo Criador e envolvida pelo amor e cuidado dos pais, a criança se desenvolvia 
em sua natureza física e mental, tornando-se a cada dia alvo maior de uma incansável batalha entre as 
hostes espirituais.  
 
 
Adão e Eva, ansiosos por fazê-lo compreender as verdades da salvação, tomavam-no nos 
braços a cada alvorecer e, à beira do altar lhe apontavam o Éden distante, contando aquelas histórias 
de emoção as quais o pequeno Caim ainda não conseguia compreender. Qual foi a alegria daqueles 
pais, ao vê-lo numa manhã de sol, apontar com a mãozinha para o lar da saudade, pronunciando o 
nome sagrado do Criador. Emocionados tomaram-no nos braços, pedindo-o para repetir esse sublime 
nome que, qual chave de felicidade, sempre descerrava-lhes um paraíso de eterno amor. 
Todas as hostes da luz inclinaram-se com alegria ao ouvir a pequena criança pronunciar o nome 
do divino Rei. 

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As semanas iam se passando trazendo consigo novas vítimas para o altar, e o pequeno Caim, 
alvo da atenção e cuidado de Deus, das hostes da luz e daqueles amantes pais incansáveis na missão 
de instruí-lo, agrupando suas poucas palavras, sempre curiosos com tudo passou a interrogar. O dia declinava quando o menino, que jazia ao colo de sua mãe, perguntou-lhe: 
 
-Mamãe, por que o sol sempre vai-se embora, deixando a gente no frio da escuridão?” 
Eva, surpresa contemplou seu filho, sem encontrar palavras para responder-lhe a indagação que 
trouxe-lhe à lembrança o passado de felicidade destruído por sua culpa. Após um momento de 
silêncio, beijando a face do pequeno Caim, disse-lhe: 

- Filhinho, um dia o sol virá para ficar, trazendo em seus raios um mundo só de harmonia; já 
não haverá animaizinhos a brigar, nem cordeirinhos a morrerem sobre o altar” 
O pequeno Caim desejando ver raiar logo esse dia, disse para sua mãe: 
-Mamãe, amanhã o sol nascerá no paraíso; Pede para ele ficar! Assim poderei brincar, 
brincar, e nunca mais dormir”. 
Ansioso em ver raiar o dia que não teria fim, o pequenino Caim somente adormeceu após fazer 
sua mãe prometer que pediria ao sol para permanecer . 
 
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Um novo dia de sol radiante a caminhar pelo céu surgiu para Caim, trazendo em seus raios 
alegria e calor. Enquanto brincava no jardim, seus olhinhos curiosos voltavam-se muitas vezes para 
o sol que parecia acariciá-lo com um sorriso de esperança.Vendo-o, porém, caminhar em direção do 
ocidente, o pequeno correu para sua mãe, perguntando-lhe:- Mamãe,ele prometeu ficar?”Eva, 
tomando-o nos braços, sorriu-lhe procurando fazê-lo compreender com palavras simples, enquanto 
apontava-lhe o paraíso distante, a história da redenção.O sol viria um dia para ficar.
 
Caim, insatisfeito com as palavras da mãe, demonstrou não ter paciência para aguardar esse dia 
que jazia em distante futuro. Repetia em pranto: -”Eu quero o sol hoje , amanhã não!” 
Eva, pacientemente, procurou acalmar seu filho, falando sobre a luz de Deus, que pode tornar a 
noite em dia. Ele o amava e poderia encher seu coraçãozinho de brilho, de alegria e paciência. 
Poderia assim, aguardar feliz o dia de seus sonhos. 

Balançando a cabecinha em rejeição ao consolo da mãe, Caim proferiu entre soluços:-”Eu 
quero o sol porque eu posso vê-lo, Yahwéh não”. 
Como uma seta dolorosa as palavras de rebeldia de Caim penetraram no coração de Eva, 
fazendo-a chorar amargamente. Os fiéis em todo o Universo uniram-se nesse pranto.Uma tristeza 
infinita pairava sobre o coração do Criador rejeitado. Esboçavam-se nos gestos de Caim os primeiros 
passos pelo caminho descendente da rebeldia.Quantos o seguiriam rumo à morte! 
 
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Inconsciente da tristeza que abatera-se sobre o reino da luz, Adão, ao ver o sol declinar no 
horizonte, deixou seu trabalho no campo rumando-se para casa.Tinha um cântico no coração ao 
caminhar para mais um encontro com os seus. 
Ao aproximar-se do altar, viu junto dele sua companheira prostrada em pranto.O pequeno Caim 
jazia também ali a chorar .Tomando-o nos braços, Adão perguntou-lhe com anseio: -”O que 
aconteceu meu filho?” Caim tristemente respondeu: -”Mamãe deixou o sol ir embora” 

Amparando o filho com seu braço esquerdo, Adão pousou sua mão direita sobre o ombro de 
Eva, mas não encontrou palavras para consolá-la. A frase dita por seu filhinho, pareceu rasgar-lhe o 
coração, fazendo-o reviver a queda. 
Depois de refletir, Adão sentindo-se culpado respondeu para Caim:- ”Foi o papai quem deixou 
o sol ir embora meu filho!”. 

Com soluços de grande grande tristeza, Adão uniu-se a eles no pranto.A lembrança do 
Salvador, contudo, o consolou. Enxugando suas lágrimas e as de seu filhinho, disse-lhe com ternura:-
”Podemos nos alegrar filhinho ,pois Deus prometeu fazer o sol para sempre brilhar no céu; ele será 
como o fogo que surge no altar,banindo as trevas da noite”. 

Com os olhinhos voltados para o último clarão do arrebol, Caim permaneceu sem consolo. 
Naquele entardecer, não houve como de costume um alegre jantar.A pequena família, 
entristecida, permaneceu silente a meditar por longas horas, até sonolentos adormecerem sob a luz 
das estrelas. 
 
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O inimigo e suas hostes, em sarcasmo de maldade zombaram naquela noite do sofrimento de 
Deus e Seus fiéis. Repetindo as palavras de rebeldia do pequeno Caim, ufanava-se como vencedor. 
Num desafio ao Criador pronunciou : - Veja como esse meu pequeno escravo te rejeita! O mesmo se 
dará com todos aqueles que hão de nascer.Estou certo de que o direito de domínio jamais sairá de 
minhas mãos. 

Todas as hostes rebeldes repetiram em eco as afrontas do enganador, humilhando os súditos da 
luz que sofriam do lado de Yahwéh. 
Com suas afrontas, o inimigo procurava fazer Deus desistir de Seu plano de redenção. Se isso 
acontecesse, seu reino de trevas se estenderia por toda a eternidade , suplantando o domínio da luz.  
 
 
Em resposta ao desafio do inimigo, Yahwéh afirmou solenemente : - Ainda que todos me 
rejeitem , Eu cumprirei a promessa.
 

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O Criador não suportava o pensamento de ver o pequeno Caim caminhar para a perdição. Por 
ele intercedia a cada dia, oferecendo ante a justiça o Seu sangue que verteria. Anjos poderosos 
guardavam-no a cada momento, espancando as trevas espirituais que o acercavam procurando tornálo insensível aos benefícios da salvação , que eram ilustrados pelos símbolos. 


Adão e Eva em seu incansável ministério de amor, todos os dias ensinavam a Caim as lições 
espirituais ilustradas na natureza.Em cada sábado procuravam firmar em sua mente juvenil a 
esperança de uma vida eterna, que seria fruto do sacrifício do Salvador.Ele depois de viver uma vida 
sem pecado, morreria como um cordeiro , para poder expulsar para sempre as trevas. 
Caim comovia-se às vezes com os ensinamentos , mas quase sempre questionava vacilante. 
Revoltado perguntava: - Por que Samael foi se rebelar?! 
Certa noite, recusando ouvir os conselhos de seus pais, os acusou de todo o mal dizendo: -Se 
agora não temos um sol a brilhar, é por culpa de vocês.” 
 
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A contemplação do Éden distante banhado em sol fez nascer no coração juvenil de Caim 
pensamentos de aventura. Ele começou a pensar : “Este paraíso não está tão longe como afirmam 
papai e mamãe.Por que esperar e sofrer tanto tempo?! Ele é tão belo! É dele que surge todos os dias o 
sol! Se o conquistarmos, será fácil deter a luz em sua nascente; Assim viveremos num paraíso de 
eterno sol. 
As idéias de aventura de Caim, enchiam o coração de Adão e Eva de tristeza.Viam que seu 
interesse era somente pelo tempo presente; ele sonhava com um paraíso de felicidade e luz 
conquistado por sua força.Em seus planos, não sentia necessidade de um Salvador; - Para que, se era 
tão jovem, inteligente , cheio de vida e ideais?- dizia. 


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Os dias de lutas, intercessões e sacrifícios pelo destino de Caim foram se passando. 
Oportunidades preciosas surgiam em cada dia diante dele para se apegar ao Salvador, mas a todas 
rejeitava, uma por uma. Em sua incredulidade chegou a duvidar da existência desse Deus, o qual 
jamais vira. 

Aos pais que, aflitos mas sempre com paciência, procuravam livrá-lo da perdição para a qual 
estava caminhando, prometeu um dia , após sorrir com ar de incredulidade, crer no Criador e em Seu 
plano de salvação, caso Ele se tornasse visível na hora do sacrifício. 

Com ardente fé, aqueles pais passaram a clamar ao Eterno. Sua presença visível poderia, quem 
sabe, salvar aquele filho querido que a cada dia tornava-se mais rebelde. 

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O Criador ouviu o clamor dos pais aflitos. Embora soubesse que Sua aparição dificilmente 
quebraria no coração do jovem Caim seu espírito rebelde, estava disposto a cumprir o pedido.
 
Estenderia os braços amigos a Caim, procurando com amor conquistar-lhe o coração. Como conhecia 
os seus anseios e sonhos de aventura, facilmente poderia identificar-Se com ele, cativando-o, pois era 
também Alguém que sempre carregara no peito sonhos de aventura; Não fora a criação do Universo 
uma grande aventura?! Não fora o Seu sonho vê-lo cravejado de sóis fulgurantes, iluminando bilhões 
de mundos com o seu brilho?! Não era também o Seu maior atravessar o vale da morte, em busca 
da conquista do Éden distante, prendendo para sempre o Sol em seu céu?! Tinham muita coisa em 
comum! 

Caim estava curioso naquela sexta-feira. Na face dos pais, via ânimo e alegria, frutos de uma 
fé grandiosa. Incentivado por essa expressão de confiança, o jovem passou a ajudá-los nos 
preparativos para o santo sábado. 

O Sol finalmente esquivou-se rolando para o poente, deixando como de costume seu rastro de 
saudade que anunciava medo. Em meio às trevas, Caim discerniu o vulto branco do cordeiro sendo 
erguido para o altar pelas mãos do pai - esse incansável sacerdote que sempre estava implorando ao 
Criador pela salvação de seu amado filho.
 
Com a mão erguida, Adão preparava-se para o golpe que poderia, quem sabe, quebrar no 
coração de Caim sua incredulidade, fazendo nascer num só momento a crença na salvação. De seus 
lábios escapa-se então a prece da fé: - Pai Eterno, ouve o meu pedido; Meu filho precisa de Ti! 
Somente um olhar Teu poderá conquistá-lo. Venha Senhor!! Esta oração sincera caiu nos ouvidos daquele filho comovendo-o. Somente a prece já seria 
suficiente para convencê-lo da existência real de um Salvador. 

Enquanto enxuga as lágrimas da emoção, Caim estremece ao ouvir o ruído do golpe da morte. 
Tudo era solene naquele momento; Viria o Criador do mundo em resposta à oração do amor?! Como 
O encararia em sua incredulidade?! 

Um forte brilho envolveu logo toda a colina banhando também o vale oriental .Os olhos 
arregalados de Caim pousaram então nos olhos amáveis do Criador, que trazia na face um brilho 
superior ao do sol, mas não ofuscante. Contemplando-O com admiração, Caim exclamou: -Ele é 
jovem como eu, e se parece com o Sol! 
Adão e Eva, comovidos pela grande saudade tinham vontade de saltar ao peito do Salvador e 
beijá-Lo, mas deixaram que Ele Se encontrasse primeiro com Caim. Com alegria , viram o precioso 
filho envolvido nos braços do grande amigo, que era parecido com o seu astro. 

Depois de longo abraço, Deus abraçou e beijou também o querido casal, companheiros no 
sofrimento. 
Com alegria, saíram a passear pelos jardins da colina. Ao centro iam o Criador e Caim, 
ladeados por Adão e sua companheira. Quanta felicidade experimentavam nesses passos! Estavam 
completos. 

Caim, conquistado pela afeição do Pai Eterno, mostrou-Lhe seus animais de estimação e seu 
pequeno jardim carregado de lindas flores. Como estava encantado por vê-los coloridos naquela noite 
desfeita pelo brilho do Criador, como sob a luz do dia! Parecia até mesmo que o Sol baixara a eles.Ao pensar no Sol, Caim como o amava muito, passou a falar sobre ele dizendo:  
 

- Como ele é belo e bom! Quando ele vai-se embora, deixa em suas lágrimas de sangue um 
sentimento de tristeza e temor .Tudo desaparece em sua ausência : os animais, o jardim; até os 
passarinhos silenciam os seus cantos! ...Mas basta ele dizer que vai aparecer, tudo se enche de 
encanto; A natureza se desperta de mansinho, parecendo ainda temer as trevas, mas quando as vê 
fugir , fica alerta e canta; Os animais, os passarinhos, o jardim,... tudo volta a viver feliz! Mas, esta 
felicidade sempre acaba!!! 
Após falar estas palavras, Caim fitando o Criador indagou curioso: 
- Papai sempre diz que foi você quem criou o Sol. É verdade? 

Com um sorriso de sinceridade Deus respondeu-lhe que sim. 
-Quando Você o fez no princípio, continuou Caim, ele já fugia para o poente? 
-Ele nunca foge, respondeu o Eterno, é o mundo quem foge dele.Ele fica triste com essa 
ingratidão! 
--Mas como? Perguntou Caim, contemplando curioso Sua face de luz . 

Com palavras carinhosas, Deus passou a contar-lhe a história de Lúcifer que, em sua 
ingratidão baniu de seus olhos e dos olhos de uma multidão de criaturas, o brilho de Sua face - o 
Verdadeiro Sol. Depois de assim agir, iludiu a muitos dizendo que foi o Sol quem fugiu deles. Com 
sua astúcia, continuou o Criador, o anjo rebelde procurou arrastar o ser humano para as trevas, e 
conseguiu. O Sol naquele dia, chorou tantas lágrimas de sangue, que banhou todo o céu. Em seu 
último suspiro de luz, porém, ele prometeu ao mundo já tomado pelas trevas, voltar um dia a brilhar 
para sempre, enchendo todo o seu seio de vida. 

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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

PERGAMINHO N.9 PROMESSA DO MESSIAS



O Criador, todavia, não desistiria de 
procurálos pelos vales sombrios do reino da morte, até conquistar um povo arrependido. 



Adão e Eva, exaustos pela pressurosa fuga, esconderam-se por entre a folhagem de um pé de 
figueira. Reconhecendo sua nudez, procuraram fazer aventais cosendo aquelas folhas. Vestidos 
assim, julgaram poder livrar-se do sentimento de vergonha ante o Criador. 
Yahwéh, aproximando-Se do local onde o casal se escondia, perguntou: 

- Adão, onde estão vocês? 

Não podendo mais se ocultar de Deus, Adão ergueu-se juntamente com sua companheira e, 
cabisbaixos, apresentaram-se ao Criador, prostrando-se trêmulos a Seus pés. Não conseguiram 
encará-Lo mais, devido ao senso de culpa. 
O Criador, carinhosamente, tomou-os pelas mãos, erguendo-os do chão, e, com expressão de 
tristeza no semblante, perguntou-lhes:  
  
- Por que vocês fugiram de Mim? Acaso comeram do fruto da árvore da ciência do bem e do 
mal? 

Adão, todo trêmulo, com voz entrecortada por soluços de temor, respondeu: 

- A mulher que me deste por companheira, ela deu-me o fruto e eu comi. 

Com esta resposta, Adão procurava desculpar-se, lançando a culpa sobre sua esposa. 
Voltando-Se para Eva, Yahwéh indagou-lhe:

- Por que você fez isso? 


Eva prontamente respondeu-Lhe
- Aquela serpente me enganou e eu comi. 

Ambos não queriam reconhecer a culpa, lançando-a sobre outrem. Em suma, atribuíam ao 
Criador a responsabilidade por todo o mal praticado: "Por que concedera-lhes o livre-arbítrio?

 Por que criara a mulher? Por que criara a serpente?

Silente, Deus observava Seus filhos que, tímidos e desconcertados, permaneciam diante de Si. 
Com profunda tristeza, Ele previu que essa seria a experiência de incontáveis seres humanos no 
decorrer da história. Quantos haveriam de se perder por não reconhecerem a própria culpa!

 Quantos procurariam justificar-se, lançando seus erros sobre os outros e até mesmo sobre o Criador! 
Com palavras brandas, Yahwéh procurou fazê-los reconhecer sua culpa. Somente 
reconhecendo sua necessidade, poderiam ser ajudados. 

Olhando para as frágeis vestes tecidas por mãos pecadoras, disse ao casal: 
- Filhos, essas vestes são insuficientes, logo secando se desfarão. Vocês precisam de vestes 
duradouras, que possam cobrir vossa nudez, livrando-vos da condenação. Se vocês quiserem, Eu 
posso dar-lhes essa veste. 
Ante as palavras bondosas do Criador, que traziam esperança, o casal prostrou-se arrependido, 
despindo-se de suas ilusórias vestes, símbolos de seu fracasso. Almejavam agora as vestes da 
salvação, prometidas pelo divino Pai.

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Depois de contemplar Seus filhos que, arrependidos, jaziam a Seus pés, Yahwéh tomou-os 
carinhosamente pelas mãos e os levantou. Alegrava-Se em poder revelar ao homem caído o plano da redenção.

Com ternura, Deus passou a descerrar-lhes primeiramente os amargos resultados de sua queda, 
dizendo: "Filhos, vocês selaram o destino de toda a criação nas garras da morte. A desarmonia já 
permeia a natureza, procurando destruir nela todas as virtudes. O abismo no qual vocês imergiram pela desobediência é por demais profundo para que possam ser alcançados pelo meu poderoso braço. 


Assim, desligado da Fonte da Vida, não resta mais ao ser humano outra sorte além da morte." 
Depois de proferir estas palavras que revelavam uma triste sorte, Yahwéh convidou o casal a 
segui-Lo. Cabisbaixos, Adão e Eva, em pranto, seguiram o Criador em Seus passos de justiça, que 
encaminhavam-nos ao lugar da vergonhosa queda, onde supunham encontrar o doloroso fim. Nessa  
  dolorosa caminhada, soluçaram ao lembrar seu passado de glória desfeito pela ingratidão.
 
Como doía-lhes na alma a terrível expectativa de serem reduzidos, juntamente com a criação, a frias cinzas 
sob a escuridão daquela noite de pecado! 

Enquanto caminhavam, contemplavam através das lágrimas as belezas adormecidas banhadas 
pela luz de Deus. Viam os inocentes animais, que não tinham consciência da grande dor Subitamente, 
o casal se deteve, vencido por intenso pranto; seus vacilantes passos os haviam levado para junto de 
um cordeiro, o animalzinho mais querido. Seus olhinhos de meiguice haveriam também de se 
apagar?! 

Enxugando-lhes as lágrimas, Yahwéh ordenou-lhes tomar nos braços o inocente cordeiro. 
Envolvendo-o junto ao peito, acompanharam silentes os passos do Criador, até alcançarem o 
topo do monte Sião, lugar da vergonhosa queda. Contemplando ali os restos dos rubros frutos, com 
ímpeto lhes veio à mente a lembrança da sentença divina: "No dia em que dela comerdes, certamente 
morrereis."
 
O terrível momento chegara. O homem culpado deveria sorver o amargo cálice da morte, 
sucumbindo sem esperança. Consciente de sua perdição, o casal percebeu, com horror, que as mãos 
que os trouxeram para a vida empunhavam agora um cutelo pontiagudo de pedra. Trêmulos, 
prostraram-se e esperaram pelo cumprimento da justa sentença.

Enquanto emudecidos pelo medo, Adão e Eva aguardavam o golpe que os reduziria a pó, 
sentiram o toque macio das mãos divinas que os erguiam para uma nova vida. A condenação, 
contudo, haveria de recair sobre um substituto. 
Colocando nas mãos de Adão o cutelo, o Criador lhe disse: 
- O cordeiro morrerá em lugar de vocês.

Adão deveria sacrificá-lo. 
Assustado ante a ordem de Deus, o casal, em pranto, pôs-se a clamar: 
- Senhor, o cordeirinho não, ele é inocente! Com expressão de justiça, Yahwéh acrescentou: 
- Se ele não morrer, vocês não poderão ter as vestes das quais falei. 

Ante a insistência do Criador, Adão, todo tremulo, num esforço doloroso, cravou no peito do 
cordeirinho aquela aguda pedra. O golpe foi fatal, e o animalzinho, vertendo seu precioso sangue, 
mergulhou nas trevas de uma noite sem fim. 
Contemplando o cordeirinho inerte sobre a relva ensangüentada, o casal ergueu a voz e chorou. 
Começavam a compreender a enormidade de sua tragédia. Quão terrível era a morte! Ela, em seu 
poder, apagara toda a luz dos olhos do inocente animal. 
Inclinando-Se silente sobre o corpo inerte do cordeiro, Yahwéh tirou-lhe a pele revestida de 
branca lã e com ela fez túnicas para cobrir a nudez do casal. Após vesti-los perguntou-lhes com 
carinho: 
- Vocês entenderam o sentido de tudo isto? 

Em profunda reflexão, por entre soluços de reconhecimento e gratidão, o casal exclamou:

- Ele morreu em nosso lugar, para dar-nos suas vestes! 
Adão e Eva, embora compreendessem aquela realidade física, estavam longe de entender o 
significado daquele acontecimento. A eles o Criador revelaria o mistério do divino amor. 

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Com expressão de infinita misericórdia, Deus passou a revelar ao ser humano o sentido daquele 
doloroso sacrifício, dizendo: 
O inocente cordeirinho, que hoje padeceu, simboliza um homem que haverá de nascer. Em seus 
olhos haverá a mesma meiguice, o mesmo amor. Revestido por uma vida justa,
 como a branca lã que cobria o cordeiro, esse homem crescerá como um renovo sobre a Terra, não tendo nas mãos as algemas do pecado. Em sua aparência, esse homem não trará a pompa de um rei, por isso será desprezado por muitos. Será um homem de dores, pois cairá sobre si o peso de todas as provações. 

Em sua fidelidade ao reino da luz, esse homem lutará contra o inimigo usurpador, vencendo-o 
finalmente. Após triunfar em suas lutas, tomará sobre si o fardo de vossa condenação que lhe causará uma terrível morte. Ele será traspassado por causa da vossa rebelião e moído pelas vossas iniqüidades.

 Será oprimido e humilhado, mas não abrirá a sua boca, como o cordeirinho que hoje 
entregou-se pacificamente. Sucumbindo na morte, ele vos concederá os méritos de sua vitória. 
Envolvidos por suas vestes de justiça, estareis livres da condenação. A vida eterna alcançareis assim, mediante o sacrifício desse homem justo que haverá de nascer. 


Adão e Eva, que num misto de gratidão e dor ouviram a revelação de tão grande salvação, 
indagaram reverentes a respeito desse homem especial que em sua descendência haveria de surgir, a fim de cumprir tão imenso sacrifício. 

O Criador, olhando-os ternamente, movido por um amor que supera mesmo a morte, os 
envolveu num carinhoso abraço e revelou: 
- Eu serei esse Homem! 

Surpresos ante a declaração de Yahwéh, Adão e Eva ficaram imóveis, enquanto contemplavam 
o Seu meigo semblante. Compreendendo o significado do tremendo sacrifício, prostraram-se a Seus pés e com lágrimas clamaram: 

- Nós somos merecedores da morte Senhor, mas Tu és inocente e não deves sofrer em nosso 
lugar! 
Enxugando-lhes as lágrimas, Yahwéh com ternura lhes falou: 
- Meus filhos, Eu os amo com um eterno amor. Eu morrerei em lugar de vocês. 
Ante esta confirmação, o casal ergueu a voz numa lamentação dolorosa. Diziam: 
- Nós matamos o Criador! Nós matamos o Criador! 
Mas Deus passou a consolar o casal com palavras de esperança, dizendo: 
- Após sorver o cálice da eterna morte, Eu retomarei a vida e subirei ao céu. Intercederei ali 
pelo homem perdido, concedendo a todos aqueles que, arrependidos, aceitarem meu sacrifício, as 
vestes de minha vitória. Juntos, triunfaremos finalmente sobre o reino do pecado que se desfará em 
cinzas sob nossos pés. Criarei então um novo Céu e uma nova Terra, onde unicamente a justiça e o 
amor reinarão. Viveremos assim para sempre, num reino de perfeita harmonia e paz.  
 
 
 -----*****-----
 
O Criador, que acompanhado pelo casal permanecia ainda sobre o monte Sião, concluiu Suas 
revelações dizendo: "O jardim do Éden ficará agora vazio. O ser humano, durante a longa noite de 
pecado, vagueará em seu exílio. Não andará, contudo, sozinho: Yahwéh, também peregrino, trilhará 
com o homem toda a estrada espinhosa, até poderem juntos galgar o monte perdido, triunfando 
gloriosamente sobre o reino da morte. A árvore da ciência do bem e do mal monumento da rebeldia 
será então desfeita, dando lugar a uma árvore gloriosa que, unindo sua copa à árvore da vida, se 
tornará no arco comemorativo da grande vitória. Sobre o santo monte redimido, repousará então para 
sempre o torno universal, que pelos fiéis triunfantes será nomeado: o trono de Deus e do Cordeiro." 
Adão e sua companheira, após ouvirem palavras tão confortadoras e cheias de esperança, 
ergueram a voz num cântico de gratidão e louvor. Conheciam agora o infinito amor de seu Criador e 
estavam dispostos a servi-lo. 
Depois de consolar o casal, Deus levou-os para fora do Éden. Não lhes foi fácil se despedir 
daquele precioso lar; ali haviam despertado para a vida nos braços de Yahwéh; ali desfrutaram 
momentos de pura felicidade, em companhia do Criador, dos anjos e dos dóceis animais. Uma 
saudade infinita parecia envolver o casal em seus passos de abandono. 

 ------*****-----
 
Foi com espanto que Satã e seus súditos presenciaram a intervenção de Yahwéh. Ficaram 
abalados ante a surpreendente revelação do plano de resgate. Com raivosa frustração, 
compreenderam que, se de fato a promessa divina se concretizasse, não restaria nenhuma esperança. 
Depois de refletir sobre tudo o que acontecera, uma grande ira apossou-se de seu coração. Não 
estava disposto a reconhecer a redenção do ser humano. Faria todos os esforços para retê-lo, 
juntamente com o reino que lhe fora entregue. 
Quando o casal, acompanhado pelo Criador, alcançou o vale ferido pela morte, amanhecia. Ali 
Satã os enfrentou com fúria, numa tentativa de se apossar novamente do ser humano. O casal ficou 
trêmulo em face do inimigo, mas as mãos protetoras de Deus os acalmaram. 
Expressando no semblante a firmeza de uma justiça que é eterna, Yahwéh silenciou as ameaças 
do inimigo com as seguintes palavras: “O ser humano Me pertence, pois Eu o comprei com o meu 
sangue”. 

 -------*****------ 

Ao caminharem silentes junto ao Criador, Adão e Eva observavam com tristeza os sinais da 
morte estampados naquela natureza antes tão cheia de vida. As belas flores, que haviam 
desabrochado para exalar aromas eternos, pendiam agora murchas; os passarinhos, que com alegria 
os saudavam em cada alvorecer com os seus trinos, voavam agora distantes, fazendo soar tão tristes 
cantos! Tudo estava mudado na natureza. A ciência do bem e do mal não trouxera nenhum bem ao 
Universo, mas um intenso conflito espiritual e físico. 
Ante as conseqüências devastadoras de sua queda, o casal, vencido por uma indizível tristeza, 
prostrou-se arrependido e chorou amargamente. Deus, que também compungido pela dor 
contemplava o cenário desolador, procurou, com palavras de esperança, confortá-los. Falou-lhes 
sobre o novo Céu e a nova Terra que um dia criaria, onde a paz e o amor voltariam a reinar em cada 
coração. Ali viveriam sempre juntos, não trazendo na fronte as marcas da tristeza, mas coroas de 
eterna vitória. Ali enxugaria as lágrimas de suas faces e essas jamais voltariam a umedecer os seus 
olhos. 
Amparando Adão e Eva em seus passos, o Criador conduziu-os através de um vale ferido, até 
alcançarem o sopé de uma colina. Galgaram-na em lentos passos, enquanto trocavam palavras de 
ânimo e esperança. Seus pés alcançaram finalmente a relva macia que cobria o topo espaçoso daquela 
colina. Era sobre aquele lugar que o casal via a cada dia o sol declinar, banhando o céu e os vales de 
um vermelho vivo, como o sangue que jorrara do peito do cordeiro. 

Voltando-se para o lado oriental, o casal, num misto de dor e saudade, contemplou ao longe as 
paisagens que os envolveram naquele passado tão feliz. Ao divisarem o monte Sião, que majestoso 
erguia-se no meio do Éden, choraram ao lembrar da queda. Quão fracos tinham sido! 
O sol declinava em sua jornada, anunciando a chegada de mais uma triste noite - a primeira 
fora do paraíso. Num calmo gesto, Yahwéh, mostrando-lhes o vale sobranceiro à colina, falou-lhes 
com carinho: “Aqui será vossa provisória morada. Daqui podereis contemplar o paraíso que por 
algum tempo permanecerá na Terra, até ser recolhido ao seu lugar de origem, no seio da Jerusalém 
Celeste. Ali, protegido pela justiça, aguardará o alvorecer da vitória. Quando esse grande dia chegar, 
retornaremos juntos a Sião, onde seremos coroados em glória, num reino de eterna felicidade e paz”. 
Depois de dizer estas palavras, Deus ordenou ao casal que construísse naquele lugar um altar de 
pedras, sobre o qual a cada semana, na noite que antecede o sábado, deveriam imolar um cordeiro, 
pela memória de Seu sacrifício. Como sinal de Sua presença, e para a certeza de que seus pecados 
seriam perdoados, Ele acenderia um fogo sobre o altar, o qual duraria toda a noite, até consumir por 
completo a oferta do sacrifício. 

Para que o ser humano pudesse firmar sua fé sobre as verdades reveladas, e não na 
manifestação visível da pessoa do Criador, Ele haveria de permanecer invisível daquele momento em 
diante. Somente em ocasiões especiais, quando se fizesse necessário Sua aparição ou a de anjos para 
novas revelações e advertências, isto ocorreria. 
Contemplando os Seus filhos entristecidos naquele momento em que seriam deixados 
aparentemente sozinhos. Yahwéh disse-lhes com amor: "Filhos, embora vocês tenham de permanecer 
neste ambiente hostil, não precisam temer, pois Eu permanecerei ao lado de vocês. Serei um 
companheiro amigo nesta jornada; levarei sobre os meus ombros suas dores, seus anseios, suas lutas. 
Quando, tentados pelo inimigo, estiverem a ponto de ceder, poderão encontrar abrigo em meus 
braços, que sempre estarão estendidos para salvá-los e, se algum dia vocês não resistirem, e pela fúria 
do inimigo forem arrastados para as profundezas do abismo, não se desesperem julgando não haver 
esperança, pois Eu estarei ali para acudi-los com o meu perdão e força. Tenham sempre em mente o 
significado das vestes recebidas das minhas mãos, pois elas falam da redenção que ao homem 
pertence. Descansem filhos meus, nos meus braços de amor." 
Depois de consolar o casal com estas promessas, o Criador, vendo que estavam sonolentos pelo 
cansaço, os fez reclinar no Seu colo e, como de costume, acariciou-os docemente até adormecerem. 
Ao vê-los esquecidos em seu sono, Deus chorou ao prever o sofrimento que experimentariam ao 
acordar. 

 ----****----

Com o coração partido pela dor causada pôr aquela separação física, o Criador deixou o casal 
adormecido sobre a relva, depois de beijar-lhes as faces já marcadas pelo sofrimento. Sua luz 
dissipou-se ao tornar-Se invisível, dando lugar às trevas daquela primeira noite fora do paraíso.  
 
No subconsciente do casal começaram a desfilar sonhos coloridos de um passado feliz. 
Encontravam-se mais uma vez em meio às belezas do Éden, saciados pôr uma alegria eterna. 
Agradecidos pela vida, corriam pelos campos floridos, brincando com os animais.Com felicidade 
uniam as vozes aos anjos nos harmoniosos cânticos em louvor ao Criador. Tantas cenas lindas 
desfilavam em seu subconsciente, mas esses sonhos tornaram-se pesadelos, fazendo-os reviver sua 
tragédia. Agonizantes despertaram em meio à escuridão daquela primeira noite no exílio. 
Não conseguindo conciliar o sono, o casal permaneceu em pranto até ser consolado pelo 
alvorecer que revelou-lhes ao longe o saudoso paraíso. 
Deus, ainda que invisível, permanecia ao lado de Adão e Eva ali na colina. O sofrimento deles 
era o Seu sofrimento, como também a esperança de um dia retornarem vitoriosos a Sião. 

 ----****---
Ante o olhar contemplativo do Criador, revelava-se o futuro sombrio da humanidade. Com 
pesar, via incontáveis criaturas perecendo sem salvação, por rejeitarem o Seu amor. Lágrimas 
molharam a Sua face, ao antever o inimigo empregando toda astúcia a fim de reter os seres humanos 
sob seu domínio. 
Longa seria a noite do peecado, e renhida a batalha pela reconquista do reino perdido. O triunfo 
da luz requereria da parte de Deus um sacrifício imenso. Na pessoa do Messias, a seu tempo, ele 
nasceria entre os homens, com a missão de pagar o preço do resgate. Por meio dEle muitos seriam 
libertos das garras do inimigo: todos aqueles que O aceitassem como Salvador e Rei. Contra esses 
escolhidos, o inimigo arregimentaria todas as forças procurando fazê-los cair. 
Em sua visão do futuro, o Criador contemplou com alegria o triunfo final dos redimidos. 
Haviam sido extremamente provados, mas em tudo foram mais do que vencedores por meio dAquele 
que os redimiu das trevas para o reino da luz
 ----****---- 

Depois de antever os sofrimentos que adviriam da grande luta, Yahwéh estendeu o olhar pelas 
planícies cativas, contemplando ali as hostes rebeldes dispostas para a luta. O objetivo desses 
exércitos, era apossar-se novamente do ser humano, no qual estava selado o direito de domínio sobre 
o Universo. 
Contrária à natureza do Criador é a guerra, mas para defesa de Seus filhos, estava disposto a 
empregar o Seu poder. Sua força, contudo, somente seria empregada com justiça. Se o ser humano 
recusasse essa proteção oferecida mediante o sacrifício do Messias, Deus nada poderia fazer para 
impedir que o mesmo perecesse nas garras do inimigo. Adão e Eva, contudo, haviam se arrependido 
de seu grande pecado, recebendo pela misericórdia de Deus vestes de salvação, simbolizadas pelas 
peles do cordeiro sacrificado. 

 ----****---- 

Justificado pela entrega do casal, Yahwéh convocou Seus poderosos exércitos para a peleja. 
Em pronta obediência as hostes da luz irromperam pelo espaço sideral em direção à Terra, 
circundando qual forte muralha a colina, portadora daquele tesouro redimido pelo sangue do divino 
Rei. 

Ao ser humano fora conferido no Éden o dever de cuidar da natureza : preparavam canteiros 
para as flores; colhiam frutos para mantimento; dirigiam os animais em seu inocente viver, 
adestrando-os para que lhes fossem úteis. Essas ocupações tinham sido para eles fontes de
desenvolvimento e prazer. Agora, apesar das adversidades, deveriam continuar realizando esse dever. 
O trabalho em sí, realizado segundo as ordens do Criador, já anularia muitos ataques do inimigo. 
As primeiras ocupações do casal naquela manhã, trouxeram-lhes revelações do grande amor de 
Deus, até então desconhecidas. Ao reunirem as pedras para construção do altar, experimentaram a 
dor de feridas que jorram sangue, como também a fadiga que faz minar suor. Sentindo e 
contemplando tudo na própria carne, amaram mais o Salvador, para quem o altar construido 
prefigurava feridas maiores, que verteriam todo o Seu sangue, como também fadigas que minariam 
toda a seiva de Sua vida.
 
O olhar de saudade e de esperança do casal de agora em diante, jamais pousaria no Éden 
distante, sem discernir primeiro o altar dos sacrifícios. Esse altar, com suas manchas de suor e 
sangue, permaneceria como uma lembrança da dor e do sofrimento que, depois de umedecer os lábios 
dos seres humanos, transbordaria na taça do Criado .

 ----****---- 

Após contemplar pôr longo tempo o paraíso da eterna vida que estendia-se muito além daquele 
altar escuro de morte, o casal experimentou o doce alívio do descanso. 
Desejosos de conhecer as paisagens de seu novo lar, Adão e Eva, animados pela esperança, 
saíram a passear. Seus passos conduziram-nos por caminhos de sorrisos e de lágrimas; de encantos e 
desilusões; de flores que desabrochavam delicadas, banhadas em perfume, e de flores despetaladas, 
tombadas murchas e sem cheiro; de animais ainda dóceis e submissos e de animais inimigos, ferozes 
e ameaçadores.O casal discernia em seu passeio as divisas de dois mundos: o da luz e o das trevas; do 
amor e do egoísmo; da esperança e do desespero; da harmonia e da desarmonia; da vida e da morte. 
Essa visão encheu-lhes de tristeza e choraram longamente. Essa tristeza aumentaria ainda mais no 
futuro, quando descobrissem o aprofundamento dessas divisas no seio de sua descendência.

 ----****----
 
Seis arrebóis já haviam colorido os céus anunciando ao casal as noites escuras e frias que com 
seu manto de trevas desfazia todas as imagens vivas, menos a esperança de revê-las coloridas no 
alvorecer de luz.
 
Aproximava-se agora a hora do sacrifício, quando o rude altar, abrasado em sua justiça 
clamaria pôr sangue. Se não lhe oferecessem a oferta, explodiria com certeza, envolvendo todo o 
mundo com suas chamas; Já não haveria então alvorecer, nem esperança de Éden a florir. 
Quão precioso é o sangue! Sangue é vida; vida é luz! Para um ser aquela noite tornar-se-ia 
eterna, sem alvorecer! Esse ser deveria assumir a culpa de todo o mundo, dando o seu sangue ao rude 
altar. Quem se ofereceria? Quem verteria a seiva da vida, até ver a última estrela apagar-se em seu 
céu?! 

Adão e Eva depois de refletirem por longo tempo, contemplando o berço da morte construído 
pôr suas mãos, entreolharam-se inquietos com essa questão decisiva: Quem se oferecerá? Essa 
indagação nascida de sua culpa, fez vibrar no profundo de suas lembranças a voz do bendito Criador 
em Sua revelação de infinita bondade: -Eu os amo com um eterno amor; Eu morrerei em vosso 
lugar”. 

Agradecido, o casal prostrou-se reverentemente ante o sedento altar, vendo-o pela fé, saciado 
pelo dom do eterno amor.

Naquela tarde de sexta-feira, Deus submetia o ser humano a uma tremenda prova de fé. Eles 
tinham diante de si o altar de pedras, construído conforme a ordem divina, mas não havia nenhuma 
ovelha para o sacrifício. Em seu anseio, lembravam-se do Éden, onde havia muitos rebanhos. 
Ao verem o sol tombar no horizonte, Adão e Eva passaram a clamar a Deus por socorro, pois 
sabiam que somente um milagre poderia providenciar-lhes, naquele derradeiro momento, um 
cordeiro para o sacrifício.
 
Aos olhos dos habitantes do Universo, o grande milagre pelo qual o ser humano clamava, já se 
processava à quase uma semana: Guiado pelo Criador, um imaculado cordeiro deixara o Éden e 
seguira os rastros do casal em sua caminhada para o exílio. Em sua longa jornada, esse animalzinho 
teve de enfrentar muitos desafios e perigos, mas protegido e guiado por Yahwéh prosseguia em sua 
missão.
 
Quando as sombras do anoitecer começaram a envolver a colina, o casal que vivia tão dura 
prova de fé, discerniu um pontinho branco que saltitava no gramado vindo em direção deles. À 
medida em que se aproximava, aquele vulto parecia falar de esperança, de vida e calor. Ao verem que 
o grande milagre acontecera, correram ao encontro do cordeiro, envolvendo-o nos braços. Ele estava 
fatigado, mas não descansaria: daria descanso.Estava sedento, mas não beberia: daria de beber ao 
altar que clamava por sangue. Aquele cordeiro tinha vontade de viver nos braços do homem, mas 
morreria, para que esse pudesse viver nos braços de Deus. Era um perfeito simbolísmo do Redentor 
que deixaria Sua glória, vindo em busca do pecador. 

As trevas de mais uma noite prefigurativa baixaram lentamente envolvendo toda a natureza em 
sua prisão.Sua força, porém, seria quebrada diante do ser humano, pelo brilho de um fogo especial, 
aceso pelas mãos do divino perdão sobre o corpo sem vida do inocente cordeiro. 
Tudo estava preparado para o doloroso golpe: ato que apagaria daqueles olhinhos meigos a 
última estrela de vida, mergulhando-os na fria escuridão de uma eterna noite: escuridão que geraria 
luz; frio que geraria calor; morte que geraria vida - dons imerecidos; frutos do divino amor 
oferecidos às mãos pecadores, prestes a ferir. 
Em meio à silente noite o altar clama; o homem triste exclama, enquanto o cordeiro, mudo, não 
reclama ao ser estendido para a morte. 

As mãos que construíram o altar erguem-se agora, não para acariciar como outrora, mas para 
ferir, sangrando o preço do perdão. Só um gesto, nada mais, e a estrela se apagará para sempre dos 
olhos inocentes, fazendo brilhar na face culpada a luz da salvação. 

Adão, trêmulo hesita em compaixão. No cordeirinho manso e submisso, pronto a morrer em 
seu lugar, vê o Salvador prometido. Com o coração arrependido, num esforço doloroso, crava o 
cutelo de pedra no peito do animalzinho que perece em suas mãos sem sequer dar um gemido. 
O poder da noite imediatamente é quebrado pelo brilho do fogo da aceitação. Sua luz revela ao 
ser humano sua trágica condição: Vendo as mãos manchadas pelo sangue inocente, o casal sente-se 
culpado por aquela morte. Em pranto ajoelham-se ante o altar que já não lhes reclama sangue, mas 
oferece luz, aceitando o imerecido perdão. 

Erguendo-se, o casal contempla demoradamente o corpo ferido do pobre cordeirinho, sem 
poder agradecer-lhe pela riqueza concedida em troca de seu tão rude golpe. 
Banhados pela suave luz do sacrifício, Adão e sua companheira permanecem silentes a meditar, 
até serem vencidos por um profundo sono. Recostando-se ao solo coberto de relva macia, adormecem  
docemente sob os cálidos raios do perdão, certos de que seu brilho e calor perdurariam até serem as 
trevas daquele sábado desvanecidas completamente pelo fulgurante sol.
 
A luz do cordeiro, desde que fora acesa sobre o altar naquela noite, permanecia em constante 
guerra com as trevas. Por várias vezes crescia em brilho, afugentando para distante a fria escuridão, 
banhando a natureza com os seus raios de vida. Por vezes, as trevas trazendo o seu vento frio, quase 
bania por completo a chama. Essa, todavia, num grande esforço alimentava-se do sangue do cordeiro, 
lançando ao alto sua ardente chama, inundando de luz e calor tudo aquilo que havia ao redor. 

O conflito entre a luz nascida do sacrifício e as trevas naquela noite, descerravam aos fiéis do 
Universo muitas lições importantes - verdades que ocupariam suas mentes por toda a eternidade. 
Naquela chama, ora ardente em seu brilho, ora fustigada pelos ventos da noite, os fiéis viam uma 
representação do conflito milenar entre o bem e o mal; conflito que sem trégua se estenderia até o 
alvorecer eternal. Yahwéh, no penhor de Seu futuro sacrifício, acendera em meio das trevas, a luz da 
verdade, e essa seria mantida acesa no coração do ser humano, em virtude de Seu sangue que seria 
derramado para remissão da culpa. Contra essa luz, o inimigo arremessaria todos os ventos frios da 
maldade, banindo do coração de muitos o seu doce brilho. Quantos jazeriam perdidos por recusarem 
a luz do perdão divino, ficando envoltos pelas trevas da escura noite! 

Depois de longas horas de combate, surge no céu os sinais do amanhecer. A escuridão que com 
ira havia lançado seus ventos sobre a imorredoura chama procurando bani-la, torna-se confusa ante 
os sinais do amanhecer. O céu tingido de um vermelho vivo, faz lembrar o sangue que jorrara do 
peito do cordeiro para que a chama do perdão pudesse iluminar a noite humana. Em meio ao colorido 
de sangue, surge no horizonte o fulgurante sol, trazendo em seus aquecidos raios o sabor da vitória, 
envolvendo tudo com sua vida. O alvorecer em seu saudoso afeto, acaricia o distante paraíso, levando 
de seu amado seio em sua brisa matinal o aroma da saudade, numa mensagem de consolo e esperança 
às criaturas sofredoras do vale da morte. 
Banhados pelos cálidos raios e pela brisa da esperança, o casal desperta em mais um sábado, 
cujo simbolismo aponta para o descanso no reino de Deus, ao culminar o grande conflito entre a luz e 
as trevas.

Para além daquele altar coberto de cinzas, Adão e Eva contemplam demoradamente o saudoso 
paraíso. Ainda que distantes em seu exílio, alegram-se com a certeza de que o sacrifício do Messias 
fará raiar para eles o sábado dos sábados: aquele de lágrimas para sempre banidas; de sol sempre a 
brilhar num límpido céu; de cordeiros sempre vivos a brincar pelo gramado; dia sem anoitecer, 
quando não haverá mais altar coberto de sangue e cinsas. Suspiram por esse dia de glória, quando 
Deus Se fará eternamente visível, levando nas mãos as marcas de Seu infinito amor pelos Seus 
filhos. 

 ----****---- 

Antes da queda, o ser humano, assim como a todas as hostes celestiais, aprendia aos pés do 
Criador que com paciência ensinava-lhes os tesouros da sabedoria contidos no vasto compêndio da 
natureza.Tudo no Universo, desde o ínfimo átomo ao maior dos mundos, testificava em sua perfeita 
existência do caráter do divino Rei. Muitos ensinamentos, porém, permaneceram ocultos nas páginas 
desse grande livro no período que antecedeu à queda: Eram como as estrelas que, ocultas durante o 
dia, revelam seu brilho ao baixarem as sombras da noite. 
Tendo a natureza cativa, o inimigo, no intento de bloquear a revelação da Eterna Sabedoria, 
introduziu nela borrões de egoísmo, destruição, infelicidade e morte.

 Não sabia que esses borrões  
 fariam evidenciar na face da criação a profundidade da justiça e amor de Deus, levando os fiéis a 
amá-Lo e reverenciá-Lo ainda mais.Para o casal, assim como para todos os filhos da luz, a natureza 
ferida rompeu o seu véu, revelando novos aspectos da bondade do Criador ocultos até então. 
Adão e Eva que estavam acostumados às flores eternas no paraíso, aquelas que não as viram 
desabrochar, viam-nas agora surgirem em tenros botões, em meio às ameaças de espinhos prontos a 
ferirem. Essas tenras flores, sem importarem-se com os espinhos, exalavam perfumes suaves de 
louvor e gratidão, jamais se cansando de agradar o ambiente. Quando fustigada pelos ventos frios da 
noite, essas flores não se ressentiam, mas ofereciam seu aroma, que transformava a fúria dos ventos 
em brisas perfumadas de um alvorecer. 

Movidos por profunda gratidão, o casal acompanhava atentamente o ministério de amor 
daquelas flores que, jamais se cansavam de abençoar, oferecendo sua beleza e perfume como alívio 
para aqueles que eram feridos pelos rudes espinhos. 
Aquelas flores singelas e puras, depois de mostrar em sua curta vida que o perdão e o amor são 
mais fortes que todos os ventos e espinhos, num último esforço de comunicar alegria, exalavam seu 
perfume, tombando murchas e sem vida sobre o solo frio. Ali, esquecidas, transformavam-se em 
insignificante pó que era espalhado pelo vento. 
A morte das flores, ainda que parecesse fracasso, revelou ao casal o mistério do renascimento 
da vida: Morrendo, as flores davam vida aos frutos que, por sua vez, depois de servirem de alimento, 
doavam suas sementes cheias de vida. Na morte dessas sementes, renascia o milagre da vida, 
multiplicando as árvores com suas flores prontas a repetir o ensinamento do amor e do sacrifício. 
A natureza, portanto, embora maculada pelo pecado, revelava o mistério oculto do plano da 
redenção. Cada flor a desabrochar em meio aos espinhos, em sua curta vida de amor, era um símbolo 
do Salvador que nasceria entre os espinhos da maldade, para com o seu perfume consolar o coração 
dos aflitos. Semelhante à flor, o Messias depois de provar que o amor e o perdão são mais fortes que 
todos os ventos do ódio; que a verdade e a justiça do reino de Deus são maiores que todos os 
enganos e injustiças do reino do inimigo, verteria a seiva de sua vida, morrendo para redimir os 
culpados.

Consolados pelas revelações da natureza, Adão e sua companheira, alunos na escola do 
sofrimento, aprendiam a cada dia a amar mais o Salvador.Cresciam em sabedoria, humildade e 
santidade. Todas as virtudes destruídas pelo pecado, renasciam no coração. 
Com ânimo o casal dedicava-se ao labor edificante: plantavam jardins que pelo poder de Deus 
enchiam-se de perfumadas flores e deliciosos frutos. Seu lar no exílio tornava-se num refúgio para os 
animais perseguidos dos vales. 

A colina, sob a proteção dos anjos da luz, tornou-se numa miniatura do Éden distante. Entre os 
animais reunidos e domados com amor, haviam muitas ovelhas. Adão e Eva não conseguiam pousar 
os olhos sobre esses dóceis animais destinados ao sacrifício, sem provar no profundo da alma um 
misto de dor e gratidão. Na noite que antecedia cada sábado, Adão tinha, por ordem do Criador, de 
repetir o doloroso ato. Quanta amargura e arrependimento sobrevinham ao casal ao baixarem as 
trevas da noite do sacrifício! Quanto consolo lhes trazia a chama do perdão que jamais deixara de 
brilhar sobre o altar, naquelas noites prefigurativas! 
O decisivo valor do sacrifício, para que a vida pudesse florescer sob a proteção divina, levou o 
casal a valorizar imensamente o seu pequeno rebanho.Cada sexta-feira, contudo, passou a trazer  
  consigo, além da dor, uma inquietação: - Quem doará seu sangue ao altar quando a última ovelha 
perecer? 
Aos olhos 
do casal maravilhado, aconteceu enfim o milagre do amor, renovando-lhes a 
esperança de viverem outras semanas sob o brilho da chama do perdão: uma ovelha, a mais gorda 
delas, passou a sangrar como em sacrifício; De sua dor, nasceram-lhes quatro cordeiros.

Cheios de alegria e gratidão, Adão e Eva prostraram-se ante o Salvador invisível, tendo nas 
mãos aquelas novas criaturas que traziam em seus olhos a mesma meiguice e disposição para o 
sacrifício. 
Seguros de que novos milagres multiplicariam seus dias, o casal uniu sua voz como outrora, 
num cântico de gratidão e adoração ao Criador que, como os cordeiros nasceria também da dor para 
cumprir em sua vida o maior de todos os sacrifícios, para salvação da humanidade. 
 
 ----****---- 

Yahwéh, embora invisível aos olhos de Seus filhos humanos, permanecia bem próximo, 
acompanhado por um exército de anjos, em incansável ministério de cuidado e proteção.


 O casal estava inconsciente de que a doce calma e paz reinantes naquela colina, bem como toda a sua 
prosperidade, eram frutos de tão intensa luta. Se os seus olhos fossem abertos para as cenas que 
ocorriam invisíveis, ficariam tomados de espanto; Quão terrível era o inimigo e suas hostes em suas 
constantes investidas com o propósito de arruinar o ser humano, arrebatando-o das mãos do Criador. 
Vendo que o emprego da força não lhe redundaria em vitória, o inimigo em sua astúcia 
idealizou uma armadilha com a qual poderia enlaçar o casal. Reunindo os seus exércitos, revelou-lhes 
seus planos dizendo: 
- Ao ser humano foi ordenado sacrificar cordeiros, como símbolos do Salvador vindouro. Os 
tentaremos a olhar para esses símbolos como portadores de perdão e vida, fazendo-os aos poucos 
esquecer a realidade do sacrifício prometido por Deus. Será um processo lento, mas de segura 
vitória”. 
O Criador conhecendo o perigo dessa armadilha, entristeceu-se, pois ao olhar para o futuro, 
pode ver tantos filhos Seus sendo desviados do caminho da salvação. Quantos se apegariam aos 
símbolos julgando encontrar neles virtude! 

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

PERGAMINHO N.8 O EDEN

"Oh, Senhor, este cordeirinho revestido 
de tão branca lã, com olhar expressivo de tanto amor, se parece Contigo. Eu quero tê-lo sempre junto a mim."



Observando os animais, Adão percebeu que eles desfrutavam de um companheirismo especial. 
Via por toda parte casais felizes que viviam um para o outro. Seus pensamentos voltaram-se para o 
Seu Companheiro. Olhou ao derredor e ficou surpreso por não vê-Lo. Yahwéh havia Se ocultado 
propositadamente, tornando-Se invisível. 
Adão sentia-se solitário em meio àquele paraíso. Com quem partilharia sua felicidade e seu 
amor? Havia ali os animais, mas eles eram irracionais, não podendo compartilhar de seus ideais. 
Nascia em seu coração, ao caminhar solitário naquele entardecer, um desejo ardente de encontrar 
alguém que pudesse estar sempre a seu lado. 
Enquanto Adão olhava para as distantes colinas na esperança de ver alguém, Yahwéh 
apresentou-Se ao seu lado e disse-lhe: "Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma 
companheira." 
Adão ficou feliz ao ouvir do Criador essa promessa, justamente no momento em que tanto 
ansiava ter alguém para estar sempre visível a seu lado. 

 ----****---- 

Tomado por um profundo sono, Adão reclinou-se no peito de seu amoroso Criador que, com 
carícias, o fez adormecer. Em seu subconsciente surgiram os primeiros sonhos coloridos: 
Contempla o olhar meigo de Yahwéh; ouve o som harmonioso da música angelical; descobre as 
maravilhas ao derredor: o monte Sião com seu arco-íris; o rio da vida; os prados em flor; os animais 
que o saúdam em festa. Repetem-se em seus sonhos as cenas que o envolveram em seu anseio; olha 
ao derredor na esperança de encontrar seu companheiro, mas não o vê. Sente-se solitário em seu 

sonho, e isso o faz procurar alguém com quem possa compartilhar sua existência. Seu olhar estende
se por campinas verdejantes, divisando ao longe colinas floridas. Enquanto caminha esperançoso, 
sente a brisa mansa a afagar-lhe os cabelos macios. Conversa com a brisa: “Brisa, você parece ser 
quem tanto procuro; você me afaga os cabelos; beija minha face; você tem o perfume das verdes 
matas. Se eu pudesse ver sua face, beijá-la-ia; se eu pudesse tocar os seus cabelos, faria longas 
tranças e as enfeitaria com as flores do nosso jardim!” 
Após caminhar em sonho pelos prados do paraíso, Adão deteve-se enquanto contemplava a 
paisagem ao redor. Admirou-se por não ver o efeito da brisa nos ramos floridos. Mas como, se a 
sentia calidamente no rosto? Começou então a despertar de seu sonho. Ainda com os olhos fechados 
lembrou-se do momento em que, sonolento, recostara-se no peito de Yahwéh. Seria a brisa o afago de  Suas mãos? 
Com esta indagação abriu os olhos e emocionou-se ao contemplar uma linda mulher que, 
com as mãos perfumadas, acariciava-lhe a face com amor. Era a brisa de seu sonho; a promessa de 
um Criador que só queria faze-lo feliz. 
Agora Adão era completo, pois tinha Eva, que era carne de sua carne e ossos de seus ossos. 
Tomando-a pela mão, Adão convidou-a para um passeio de surpresas inesquecíveis. Mostraria 
à sua companheira as belezas de seu lar. 
Sensibilizada Eva detinha-se a cada passo, atraída pelas flores que exalavam suaves perfumes; 
pelos pássaros que gorjeavam alegres cantos; pelos animais que os seguiam submissos; pela 
vegetação de ricos matizes; pelas águas cristalinas do rio da vida que jorravam em cascata do monte 
Sião. Tudo no paraíso era perfeito e belo, mas nada se igualava ao ser humano, criado à imagem de 

Deus. Voltaram-se um para o ooutro em admiração e carícias. Embalados por esse amor, 
permaneceram até o entardecer.


 ----****---- 

Com deleite, o jovem casal passou a contemplar o sol poente que, através de rosados raios, 
coloria o céu em lindo arrebol. Era o sexto dia que chegava ao seu final, dando lugar às horas de um 
dia especial: o sábado. Esse dia, em seu significado, seria solene para todos os súditos de Yahwéh, 
pois seu alvorecer traria a vitória para o reino da luz. 
O sol, que durante o sexto dia alegrara a natureza com seu brilho e calor, ocultou-se, deixando-a em frias sombras. Os alegres pássaros, silenciando seus trinos, buscavam seus ninhos enquanto os 
outros animais se recolhiam. Somente o casal permaneceu imóvel, procurando divisar, no último 
lampejo que se apagava no horizonte, a esperança de um novo alvorecer. 
Indagavam o sentido das trevas quando, por entre as ramagens, viram um lindo luar, cujos raios 
prateados banhavam a natureza em suave luminosidade. Todo o céu estava iluminado pelo fulgor das 
estrelas. Admirados, descobriram que a noite somente era escura quando se olhava para baixo. 
Adão e Eva em sua inocência não sabiam que aquela noite simbolizava o futuro sombrio da 
humanidade. Quando o compreendessem, ficariam confortados ao contemplar o fulgor dos céus: o 
luar falaria de esperança e as estrelas cintilantes testemunhariam o interesse das hostes da luz em 
aclarar-lhes as trevas morais, dando alento aos pecadores. Mas seriam iluminados apenas aqueles 
que, desviando os olhos da Terra, contemplassem os altos céus. 
Após contemplar por algum tempo o céu em sua luminosidade, o casal, lembrando-se das 
belezas do paraíso, volveu os olhos, buscando divisá-las. Estavam, porém, ocultas em meio às 
sombras. Quanto almejavam o alvorecer, pois somente ele traria consigo o paraíso! 
Ante o anseio do coração humano, Yahwéh surgiu em meio às trevas, devolvendo ao casal a 
alegria de se encontrar novamente num jardim colorido. 
Banhados em suave luz, caminhavam agora por prados verdejantes e floridos. o brilho do 
Criador despertava a natureza por onde passavam, colorindo e alegrando tudo em derredor. O casal, 
admirado, aprendeu que ao lado de Yahwéh poderiam ter um paraíso em plena noite. 
Sentindo-se sonolentos, Adão e Eva recostaram-se no colo do amoroso Pai, que os faz 
adormecer docemente, esperançosos de um despertar feliz. Deitando-os sobre a relva macia, Yahwéh 
elevou-Se indo para junto das hostes contemplativas. Voltaria a manifestar-Se ao alvorecer, fazendo  

o casal despertar para o mais solene acontecimento, que reduziria a pó as vis acusações dos inimigos.

A noite escura e fria, através de suas longas horas, parecia zombar da luz. Ofuscaria para 
sempre as belezas da criação? Oh, jamais! O sol não recuaria ante a imponência das trevas; surgiria 

em breve como um libertador, arrebatando com seus cálidos raios a natureza das frias garras, dando-lhe vida e cor. 

Num último desafio, as trevas tornaram-se densas nas horas que antecederam o alvorecer. A 
noite arregimentava suas forças para lutar pelo domínio usurpado. 
Finalmente, surgiu no leste um lampejo que parecia falar de esperança em um novo dia. O céu 
aos poucos tornou-se colorido de um vermelho vivo. As trevas impotentes recuaram ante a força 
crescente da luz e foram consumidas em sua fuga. A natureza começou a despertar da longa noite, 
refletindo em seu seio os saudosos raios. Flores abriram-se, exalando perfumes de alegria; animais e 
aves, silenciados pela noite, uniram as vozes num cântico triunfal em saudação ao alvorecer daquele dia grandioso.

A negra noite chegara ao fim, dando lugar à luz do dia sonhado - dia que para Deus tinha um 
sentido especial, pois prefigurava a final vitória de Seu reino sobre o domínio da rebeldia. 
Yahwéh agora despertaria Seus filhos humanos que, banhados pela luz de Sua presença, 
haviam adormecido na esperança de um alvorecer feliz. Numa marcha festiva, todas as hostes santas, 
com cânticos de vitória, acompanharam-nO rumo ao paraíso banhado em luz. Quando já estavam 
próximos, o Criador deteve-Se contemplando o casal adormecido, e exclamou suavemente: 
"Acordem meus filhos." Sua voz penetrou nos ouvidos de Adão e Eva, despertando-os para a mais 
feliz comunhão. Quão depressa raiara a acalentada manhã, trazendo em sua luz o doce paraíso, 
perdido naquela noite! Com alegria o casal saudou o divino Criador, unindo-se aos anjos em 

antífonas triunfais. 

----****---- 

O Universo vivia um momento deveras solene. Naquela manhã festiva, Yahwéh haveria de 
revelar a grandeza de Seu caráter, que é justiça e amor. As acusações de que Seu governo era de 
egoísmo e tirania seriam refutadas. 
Aos olhos de todas as criaturas racionais do vasto Universo, Deus conduziu o jovem casal ao 
monte Sião, lugar do divino trono. Ali, ante o estremecimento das hostes emudecidas, o Criador, num 
gesto surpreendente, cobriu o homem com o manto real, colocando sobre sua cabeça a coroa que fora 
cobiçada por Lúcifer. 
Movidos por profunda gratidão pela suprema honra conferida, Adão e Eva prostraram-se 
reverentes, depondo aos pés do Criador sua coroa preciosa, em sinal de submissão. Seguiu-se a esse 
gesto humano um brado de vitória que sacudiu toda a Criação. Os filhos da luz, que por tanto tempo 
haviam sofrido afrontas e humilhações ante as constantes acusações das hostes rebeldes, exaltaram 
em retumbante louvor o Deus bendito, que em Sua obra de justiça desmentira os inimigos, revelando 
Seu caráter de humildade, desprendimento e amor. 
Tendo constituído o homem como o senhor de toda a criação, Yahwéh, com voz solene, passou 
a conscientizá-lo da grandiosidade de sua missão. Como um mordomo fiel, deveria cuidar do paraíso, 
mantendo límpida a fonte do rio da vida. As leis da justiça e do amor, fundamentos do reino da luz, 
deveriam ser honradas. Como um cetro racional, caberia ao homem, em gesto de reconhecimento e 
gratidão, aceitar livremente o governo d'Aquele que o criou. As hostes, que maravilhadas testemunhavam a revelação do desprendimento divino, 
compreenderam que o Senhor da Luz não governaria mais o Universo, a não ser com o 
consentimento humano. O homem, pela vontade de Yahwéh, fora feito o árbitro da criação; em seu 
glorioso ser, feito à imagem do Criador, resplandecia o selo do eterno domínio. 

 ----****---- 

Após revelar ao casal a infinita honra e responsabilidade de sua missão, o Criador 
conscientizou-o do conflito espiritual que se travava pela conquista do domínio universal: Lúcifer, 
que por incontáveis eras servira ao divino Rei em Sião, havia sido corrompido pelo orgulho e pelo 
egoísmo, sendo seguido por um terço das hostes racionais; buscavam agora destronar o Eterno, 
desonrando-O com vis acusações. 
Tendo revelado ao ser humano a dolorosa situação em que o Universo se encontrava, Yahwéh, 
num gesto solene, mostrou-lhe duas altaneiras árvores que, carregadas de grandes frutos, se erguiam 
em ambas as margens do rio que nascia do trono. A que se elevava à direita revelou o Senhor ser a 
árvore da vida monumento do reino da luz. A que se erguia à outra margem revelou ser a árvore da 
ciência do bem e do mal - símbolo da rebeldia. 
Comendo do fruto da árvore da vida, o homem manifestaria sua submissão ao Criador, que é 
Fonte de vida e luz. Comer da outra árvore seria entregar ao inimigo o domínio de Sião. O inevitável 
resultado desse passo seria a morte eterna, não somente para o ser humano, mas para toda a criação, 
que se reduziria ao caos sob a fúria da rebeldia. 
Após contemplar demoradamente as duas altaneiras árvores, que externavam em seus frutos tão 
infinita responsabilidade, Adão prostrou-se ante o Criador, dizendo: "Digno és Senhor de reinar sobre 
o Universo, pois pela Tua sabedoria, amor e poder todas as coisas foram criadas e subsistem." 
O sábado, emblema do triunfo divino, encheu-se de louvor. Todos os filhos da luz uniram-se ao 
ser humano no mais harmonioso cântico de exaltação Àquele cuja grandeza é sem par. 
Foi com espanto que Satã e seus seguidores testemunharam a grandiosa realização de Yahwéh. 
Presenciaram com amargura a alegria dos fiéis ante a coroação do homem- acontecimento que 
lançara por terra as fortes acusações que eles haviam levantado contra o governo divino. Cheios de 
frustração e ira, consideravam agora sua triste condição. Quão terrível e humilhante era-lhes o 
pensamento de verem seus planos de rebeldia desfazerem-se diante do Criador, semelhantes às 
sombras daquela noite. Se pudessem, pensavam, encheriam o sábado de trevas, banindo da mente dos 
súditos de Yahwéh qualquer esperança de vitória. 
Finalmente, em suas considerações, Satã e seus liderados compreenderam que lhes restava uma 
oportunidade: no meio do jardim do Éden, nas alturas de Sião, elevava-se, junto ao rio da vida, a 
árvore da ciência do bem e do mal. Bastaria um gesto humano, nada mais, e teriam sob seu poder, 
para sempre, o domínio cobiçado. Mas como seduzi-lo? 
Animado ante a perspectiva de uma conquista, Satã procurou, com engenhosidade, arquitetar 
um plano de abordagem. Sabia que, se falhasse em sua tentativa, todas as esperanças de triunfo ter-
se-iam diluído, desfazendo-se todos os seus sonhos de aventura. Concluiu que o engano haveria de 
ser sua poderosa arma. Não fora através dele que conseguira dominar um terço das hostes celestes?! 
Aguardaria, portanto, um momento propício para armar sua cilada. 
  
 

 ----****---- 

No Éden pairava a doce calma de uma perfeita paz. Por todos os lados os amáveis passarinhos 
faziam ouvir seus alegres trinos em louvor constante ao Criador. Toda a natureza a florir parecia 
proclamar um reino de eterna alegria. Os animais em união brincavam por toda parte, sempre 
submissos ao homem, o senhor daquele paraíso encantador. 
Tudo era felicidade para o casal; mas esta tornava-se mais intensa na viração daqueles dias 
primaveris. O arrebol, que com sua beleza coloria o céu prenunciando as escuras noites, anunciava-lhes também o momento da visita diária de Yahwéh. Juntos, sob a luz de Sua presença, passavam 
longo tempo em feliz conversação. Com ânimo, o casal contava ao Senhor as surpreendentes 
maravilhas que iam descobrindo a cada dia na natureza. Deus, com carinho, descerrava-lhes o 
significado de cada ser. Como ficavam gratos pelas lindas lições aprendidas a Seus pés! A cada dia 
que passava, maior era o amor, o respeito e a admiração pelo grandioso Criador. Como Ele fora bom, 
trazendo-os à existência e concedendo-lhes um lar tão cheio de delícias! Ao despertarem para as 
alegrias de cada dia, vinham-lhes à lembrança as carícias e o doce canto de Yahwéh, que os fazia 
adormecer todas as noites. 
A vida de Adão e Eva no Éden não era de ociosidade. A eles foi recomendado o cuidado do 
jardim. Sua ocupação não era cansativa, ao contrário, era agradável e revigorante. O Criador indicara 
o trabalho como uma fonte de benefícios para o homem, a fim de ocupar-lhe a mente e fortalecer-lhe 
o corpo, desenvolvendo-lhe todas as faculdades. Na atividade mental e física, o homem encontrava 
um elevado prazer. 
Era comum ao jovem casal receber visitas de seres celestes. Aos visitantes sempre tinham 
novidades a relatar e perguntas a fazer. Passavam longo tempo ouvindo deles sobre as maravilhas do 
reino de luz. Através desses visitantes, Adão e Eva passaram a ter amplo conhecimento da rebelião 
de Lúcifer e de suas eternas conseqüências. Aos visitantes, Adão e Eva sempre pediam que lhes 
ensinassem os harmoniosos cânticos celestiais. Como se deleitavam ao unirem as vozes ao coro 
angelical! 

----****---- 

Em Sua onisciência, Deus tinha conhecimento do terrível intento do inimigo. Convocando as 
Suas hostes principais, revelou-lhes com pesar o iminente perigo que pairava sobre o Universo. Satã 
haveria de armar uma cilada, a fim de levar o homem a comer da árvore da ciência do bem e do mal. 
Ante essa revelação, os filhos da luz ficaram temerosos, pois conheciam a tremenda facilidade de 
Satã em enlaçar criaturas inocentes e atirá-las em suas malhas de morte. 
No solene concílio, decidiram enviar, com urgência, mensageiros para advertirem o homem do 
grande perigo. Dois poderosos anjos foram encarregados dessa decisiva missão. 
Imediatamente, os mensageiros comissionados irromperam pelos portais de Jerusalém, 
alcançando o seio do espaço infinito. Em instantes, transpuseram imensidões, cruzando galáxias no 
percurso. Penetraram no túnel da constelação de Orion, aproximando-se do novo sistema. Podiam 
agora divisar a pouca distância o planeta azul, onde o destino do Universo estava para ser decidido. 
No Éden, havia descontração. O jovem casal continuava em suas inocentes atividades, 
desfrutando o prazer de um viver feliz. Longe estavam de pensar que naquele momento todo o todos 
os filhos da luz estavam tensos, pensando em seu futuro ameaçado. Viram então no límpido céu o 
sinal da aproximação dos visitantes celestes e a eles ergueram os braços numa alegre saudação. Adão 
e Eva admiraram-se, porém, por não verem no semblante deles a mesma alegria. Os visitantes 
traziam na face uma expressão de anseio que eles não podiam entender. Tentaram mudar-lhes a triste  feição, contando-lhes as novas descobertas feitas no paraíso. Os mensageiros, todavia, não tendo 
tempo disponível como outrora, interromperam-nos com palavras de advertência. Satã haveria de 
armar-lhes uma cilada, a fim de levá-los a comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal. Se 
dessem ouvi dos à tentação, fariam sucumbir toda a criação no abismo de um eterno caos. 
Os anjos lembraram-lhes que o reino lhes fora confiado como um sagrado depósito, devendo, 
em uma vida de fidelidade, honrar Aquele que por amor esvaziou-Se, colocando-Se numa posição de 
hóspede do ser humano. Adão e Eva deveriam ser firmes ante as insinuações do inimigo, pois assim 
selariam a eterna vitória do reino da luz. 
Falando-lhes da feliz recompensa que se seguiria ao seu triunfo, os anjos revelaram que era 
plano de Deus a transferência de Jerusalém Celeste para a Terra. Ali, novamente acoplada ao paraíso, 
permaneceria para sempre. E o homem, submisso ao Criador, reinaria pelos séculos sem fim sobre o 
monte Sião, em meio aos louvores das hostes universais. 
Mas tudo isso dependia inteiramente do posicionamento humano frente às tentações do 
inimigo, que faria de tudo para arrebatar-lhe o reino. 
Adão e Eva ficaram temerosos ao conhecerem os planos de Satã, mas foram consolados ao 
saberiam que ele não poderia fazer-lhes nenhum mal, forçando-os a comer do fruto proibido. Se, 
porventura, procurasse intimidá-los com seu poder, todas as hostes de Yahwéh viriam em seu socorro. 


Os mensageiros da luz concluíram sua missão recomendando ao casal permanecerem 
vigilantes, tendo sempre em mente a responsabilidade que sobre eles repousava. Não deveriam 
separar-se um do outro, nem por um momento sequer, pois a sós poderiam ser seduzidos. 
Adão e Eva, agradecidos pelas advertências dos anjos, uniram as vozes num cântico de 
promessa em uma eterna vitória. Estavam certos de que jamais abandonariam o bendito Criador, 
ouvindo a voz do tentador. 
Animados ante a promessa humana, os dois mensageiros retornaram ao seio da Jerusalém 
Celeste onde, junto às hostes santas, aguardariam com anseio o anelado triunfo. ----****---- 
Satã viu aproximarem-se do paraíso os mensageiros e ouviu o canto do homem prometendo 
uma eterna vitória. Esse cântico fez com que sua inveja e ódio aumentassem de tal maneira que não 
os pôde conter. Disse então a seus seguidores que em breve faria silenciar aquela voz irritante. Faria 
tudo para transformar o louvor humano em blasfêmias ao Criador. 
As hostes rebeldes ficaram curiosas para conhecer os planos de seu chefe, mas foram por ele 
advertidas de que deveriam aguardar até que tudo ficasse para sempre decidido. Se o homem ouvisse 
sua voz, comendo do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, seria vitorioso, possuindo para 
sempre o domínio do Universo. Caso o homem resistisse, permanecendo fiel ao Criador, já não 
haveria qualquer esperança para eles. 
O paraíso parecia estar envolvido por uma eterna segurança, mas no semblante do homem 
podia ser vista uma expressão de temor. Desde a partida dos anjos, Adão e Eva permaneciam 
silenciosos, meditando com reverência sobre a tremenda responsabilidade de sua missão. Pensavam 
na seriedade daquela iminente prova que haveria de selar o seu futuro e o de toda a Criação. 
Animados, contudo, ante o pensamento da vitória, uniram mais uma vez as vozes num cântico que 
expressava a certeza do triunfo anelado. Essa melodia baniu de suas mentes todo o medo de derrota e, 
alegres, correram pelos prados verdejantes, acompanhados pelos fogosos animais que pareciam comemorar a grande conquista. Sentiam-se seguros em seu paraíso, totalmente esquecidos do perigo de um possível assalto. 


 ----****----

Satã, que observava atentamente o casal, percebeu estar chegando a sua oportunidade. 
Aproximou-se de forma invisível do paraíso, e ficou esperando o melhor momento para armar sua cilada. 

Inconsciente da presença do inimigo, o casal continuava em sua desprendida alegria, brincando 
despreocupadamente com os animais. No semblante transtornado de Satã estampou-se um maldoso 
sorriso, ao presenciar um descuido do casal: em sua exaltação, haviam deixado de atender a última 
recomendação dos mensageiros, afastando-se um do outro. O astuto inimigo, não perdendo tempo, 
apossou-se de uma serpente, a mais bela do paraíso, fazendo-a aproximar-se graciosamente de Eva. 
Eva, que assentada no gramado brincava com os animais, percebeu a presença da atraente 
serpente, cujo corpo refletia as cores do arco-íris. Ficou admirada ao vê-la colher flores e frutos do 
jardim, depositando-os a seus pés. Agradecida, tomou-a nos braços, dedicando-lhe afeto. 
Tendo conquistado a afeição da mulher, Satã, em sua astúcia, começou a atraí-la para junto da 
árvore da ciência do bem e do mal. Sem se dar conta do perigo, Eva acompanhou a serpente até a árvore da prova.

 Ali, tendo nos braços o inimigo velado, acariciou-o e disse-lhe palavras de carinho.
 
Tendo nos olhos o brilho da sedução, a serpente pôs-se a falar. Suas palavras eram cheias de 
sabedoria e ternura e sua voz como a de um anjo. Eva mal pôde crer no que via. Sua alegria tornou-se 
imensa por ter nos braços uma criatura tão fantástica. Passaram a conversar sobre muitas coisas: o 
amor; as belezas do jardim; o poder do Criador. Eva ficou admirada ante o conhecimento tão vasto da 
serpente, que discorria com maestria sobre qualquer assunto. Envolvida por essa experiência, Eva 
esqueceu-se completamente de seu companheiro. Nem sequer passavam pela sua mente as advertências dos anjos. 

 ----****----

Adão, inteiramente esquecido dos conselhos dos mensageiros celestes, havia se afastado na 
companhia de alguns animais. Depois de certo tempo, sobreveio com ímpeto em sua mente a 
lembrança das advertências recebidas. Soaram em seus ouvidos com clareza as últimas palavras 
proferidas pelos anjos: "Não se afastem um do outro... Não se separem nem por um instante, pois é 
perigoso." O seu coração pulsou forte por não ver Eva a seu lado. Ergueu então a voz num grito 
ansioso. Sua voz, ao ecoar pelas abóbadas do paraíso, contudo, não trouxe consigo uma resposta. O 
silêncio quase o sufocou. Em sua aflição pôs-se a correr de um lado para outro, procurando-a, em 
vão. Nessa ansiosa busca, sentiu a brisa afagar-lhe os cabelos e recordou seu primeiro sonho. Essa 
lembrança, no entanto, desfez-se ante o pensamento do perigo que os ameaçava. 
Com a mente tomada por um grande senso de culpa, Adão apressou o passo na aflitiva procura. 
Onde estaria a sua amada? A envolveria a tempo em seus braços, livrando-a de cair? Mais uma vez 
ergueu a voz num grito ansioso que repercutiu por todo jardim: "Eva, onde você se encontra?" 
Aguardou uma resposta, mas ouviu somente um eco vazio que o desesperou. Lembrou-se da árvore 
da ciência do bem e do mal; ali era o único lugar em que sua companheira poderia ser iludida. 
Esperando obstruir a única oportunidade do inimigo, avançou em direção ao lugar da prova. Seu 
coração pulsou forte ao contemplar ao longe a copa da árvore proibida. 
 ----****---- 
Com a serpente em seus braços, Eva interrogou-a a respeito de muita coisa. Maravilhou-se ao 
perceber que a serpente a sobrepujava grandemente em conhecimento. Cheia de curiosidade,  perguntou à serpente:

- Onde está a fonte de seu tão grande saber? Responda-me, pois quero também possuí-la. 
Sem perder tempo, Satã, apontando para a árvore da ciência do bem e do mal, respondeu: 

- Ali está a fonte de todo meu saber. 
Ele conta então uma mentirosa história: disse que era uma serpente como as demais, comendo 
dos frutos do paraíso. Provando certo dia daquele fruto proibido, recebeu, como que por encanto, todas as virtudes. 
Olhando para a árvore da ciência do bem e do mal, Eva ficou surpresa e confusa.
 Privaria o Criador em seu amor algo tão bom às suas criaturas?!
 Vendo-a surpresa, Satã perguntou: 
- É assim que Deus disse: Não comereis de todas as árvores do jardim? 
Eva, inquieta, respondeu: 
- Dos frutos das árvores do jardim comemos, mas do fruto dessa árvore que você diz ser fonte 
de sabedoria, disse Deus: "Não comereis dele, para que não morrais." 

A serpente em tom de desdém disse: 
- Isso é falso. Se fosse assim, eu teria morrido. Certamente Yahwéh os proibiu de comer dessa 
árvore para impedir que o homem venha a se tomar como Ele, conhecendo todas as coisas. 

As palavras sedutoras da serpente causaram confusão na mente de Eva. Em quem confiaria? 

Tinha em mente a lembrança da ordem do Criador e de sua sentença, mas ao mesmo tempo tinha 
diante de si uma prova palpável que O contradizia. Atordoada, começou a duvidar do caráter de 
Yahwéh. 
Num desafio, a serpente colheu frutos da árvore proibida e passou a saboreá-los. Colocando um 
fruto nas mãos da mulher, incentivou-a a comer, dizendo: 
- Não disse Yahwéh que se alguém tocasse nesse fruto morreria?

----****---- 

Um completo silêncio pairava sobre o Universo. Em cada planeta habitado, os filhos da luz 
contemplavam impotentes aquela angustiante cena. O futuro deles estava em jogo. 
Em Jerusalém havia grande comoção. Poderosos anjos apresentaram-se diante do Criador, 
solicitando permissão para esmagarem o covarde inimigo, oculto naquela serpente. Yahwéh, contudo, 
impediu-lhes tal ação. Se o uso da força fosse a solução, já o teria aplicado. Deviam respeitar o livre-arbítrio concedido ao homem, podendo ele manifestar sua escolha sob a tentação do inimigo. 

Os filhos da luz sofriam imensamente ao verem a mulher duvidando d'Aquele que tão 
bondosamente lhes dera a vida e a oportunidade de reinarem naquele paraíso. Como poderia duvidar 
de quem lhes dedicava tanto amor?! 

Adão, que numa forte esperança de assegurar a acalentada vitória apressava-se em sua corrida, 
contemplou ao longe sua amada, assentada junto à árvore da prova. O que fazia Eva naquele lugar tão 
perigoso?! 
Um pressentimento horrível lhe sobreveio, ao lembrar-se mais uma vez das advertências 
recebidas, mas procurou bani-lo como pensamento de que alcançaria sua esposa antes que algum mal  lhe ocorresse. 
Eva vacilava em sua convicção ao contemplar o fruto em suas mãos. Por alguns momentos o 
futuro pareceu-lhe sombrio e aterrador, mas venceu esse sentimento, pensando nas glórias que 
haveria de conquistar ao comer aquele fruto. Ainda um tanto indecisa, ergueu vagarosamente as mãos 
até tocar o fruto com os lábios. 

Os súditos do reino da luz, estremecidos, inclinaram-se tomados por grande espanto. Parecia 
quase impossível, àquela altura, a mulher voltar atrás. 
Enquanto pálidos os fiéis indagavam sobre uma possível esperança, presenciaram com horror a 
terrível decisão de Eva: resolvera romper para sempre com o Criador, tornando-se cativa da morte. 

Yahwéh, que em silente dor contemplava aquela cena de rebeliã
o, curvou a fronte tendo a face 
banhada de lágrimas. Não podia suportar a dor daquela separação. 

Os fiéis, que em pânico julgavam-se vencidos, foram conscientizados de que nem tudo estava 
perdido. Se Adão resistisse à tentação, permanecendo fiel a Yahwéh, ele selaria a grande vitória. Eva, 
que fora vítima de um engano, poderia ser conscientizada de seu erro, sendo favorecida com o perdão divino. 

Quando Adão em sua angustiosa corrida alcançou o lugar da provação, já era tarde demais. 
Assentada junto ao rio, Eva saboreava despreocupadamente o fruto proibido. Adão estremeceu. Seria 
mesmo o fruto da prova? Num gesto de esperança olhou para a árvore da ciência do bem e do mal, 
mas em pranto reconheceu a triste condenação. Cheio de tristeza contemplou sua esposa, mas não 
encontrou palavras para despertá-la para tão amarga realidade. Em completo desespero, ergueu a voz 
numa dolorosa exclamação: "Eva, Eva, o que você está fazendo!"
 
Ao comer do fruto proibido, a mulher foi tomada por emoções que a fizeram imaginar haver 
alcançado uma esfera superior de vida. Ao ouvir a voz de seu esposo, ainda tomada pelas ilusórias 
emoções, ergueu a fronte estampando um sorriso, mas surpreendeu-se ao vê-lo chorando. 

Com profunda amargura, Adão procurou saber a razão que a levara a rebelar-se contra Yahwéh. 
Eva, prontamente, passou a contar-lhe a fantástica história da sábia serpente. 

Satã sabia que essa história de serpente jamais convenceria o homem a comer do fruto da árvore proibida. Precisava encontrar uma maneira sutil de levá-lo a selar sua sorte seguindo os passos de sua esposa. 

Tendo Eva sob seu poder, resolveu fazer dela o objeto tentador. Aguardaria o momento oportuno para enlaça-lo. 

 ----****----

No dia em que dela comerdes, certamente morrereis. A lembrança desta sentença deixava Adão 
muito aflito. A expectativa de ver sua amada perecendo em seus braços, era demais para suportar. 

Esta aflição, contudo, foi diminuindo, ao ver que ela continuava feliz e carinhosa ao seu lado, como 
se nenhum mal lhe houvesse acontecido. Aliviado, Adão voltou a sorrir, correspondendo aos afetos 
de sua companheira. Rendia-se às mais doces emoções, longe de saber que era o inimigo quem o envolvia naqueles abraços. 

Nesse momento de enlevo, Eva começou a falar-lhe de sua experiência com a ciência do bem e do mal. 
Falou-lhe dos tesouros da sabedoria que lhe haviam sido abertos. 
Em seu novo reino, viveria muito feliz.
 Entretanto, essa felicidade seria incompleta sem a participação de seu esposo. 
Falou-lhe da impossibilidade de retroceder em seus passos, e insistiu para que ele a seguisse.

Depois de falar-lhe de sua decisão, Eva, com um doce sorriso, estendeu-lhe as mãos contendo 
um fruto, pedindo-lhe que o comesse numa demonstração de seu amor por ela. 
Com a voz tentadora em seus ouvidos, Adão assentou-se no gramado em profunda reflexão. 
Sua face tornou-se novamente pálida e suas mãos trêmulas. Temia rebelar-se contra o Criador, mas 
ao mesmo tempo compreendia que não conseguiria viver separado de sua companheira, a quem 
amava com infinito amor. Eva era carne de sua carne, a extensão de seu ser. 
Sentia-se angustiado ao ter de tomar uma decisão tão séria. 
A palidez do rosto de Adão refletiu-se no semblante de todos os fiéis de Yahwéh. Ouviram a 
insinuação do inimigo e perceberam com horror a vacilação do homem. 
A indecisão de Adão deixava-os desesperados. 
Obedecesse ele àquela proposta de Satã, toda felicidade seria eternamente banida. 
Nas decisões do ser humano estava o destino de todo o Universo. Atenderia ele ao apelo de Satã? 

Depois de intensa luta íntima, Adão olhou para sua companheira; a ela unira-se em promessas 
de uma eterna entrega. Não a deixaria só agora. Partilharia com ela os resultados da rebelião. Tomou 
então das mãos de Eva um fruto e, num gesto apressado, levou-o à boca. 
Procurando abafar a voz de sua consciência, que lhe falava de uma eterna perdição, Adão 
lançou-se nos braços de sua esposa, desfrutando o alto preço de sua rebelião. 
Satã, com brados de triunfo, deixou o paraíso, voando rapidamente para junto de suas 
inumeráveis hostes, que aguardavam ansiosas o resultado de tão arriscada tentativa. Ao saberem da 
desgraça humana, uniram-se numa estrondosa festa. Sentiam-se seguros. Sião agora lhes pertencia 
por direito, podendo lá estabelecer um reino eterno, jamais sendo molestados pelas leis de Yahwéh. 

 ----****---- 

Em todo o Universo os filhos da luz sofriam e pranteavam a derrota. Nunca houvera tanta 
tristeza e horror ante o futuro. As vozes que viviam a entoar louvores ao Criador proferiam agora 
lamentações. 

Yahwéh, que vencido por infinita dor prostrara -Se em pranto ante a queda do homem, não 
fora, contudo, surpreendido. Antes mesmo de criar o Universo já havia previsto esse triunfo da 
rebeldia e, em Sua sabedoria e amor, idealizara um plano de resgate que O envolveria num imenso 
sacrifício. Enxugando as lágrimas de Seu pranto, pôs-Se a agir poderosamente em favor de Seus fiéis 
aflitos, impedindo-os de caírem nas mãos dos inimigos. Nessa misteriosa intervenção que 
aparentemente depunha contra a justiça, Yahwéh ordenou que Seus mais poderosos anjos 
circundassem imediatamente o jardim do Éden, impedindo que Satã tomasse posse do monte Sião. 

Consoladas ante a manifestação divina, as potentes criaturas, em pronta obediência, romperam o 
espaço infinito, circundando em instantes o paraíso, no seio do qual o ser humano, já transtornado 
pelo pecado, vivia o negror de uma noite que seria longa e cruel. 
Sendo a autoridade de Yahwéh fundamentada na justiça, de que maneira poderia justificar Suas 
ações diante dos inimigos? Não entregara por Sua vontade o reino ao homem, e esse por livre escolha 
não o submetera a Satã? Enquanto surpresas as criaturas racionais consideravam as ações decisivas 
de Deus, ouviram Sua potente voz que, repercutindo por toda a criação, trazia a revelação do grande 
mistério - revelação tão maravilhosa que a partir daquele momento, por toda a eternidade, ocuparia a 
mente dos fiéis, sendo tema para as mais doces meditações. 
Yahwéh falou primeiramente sobre a terrível condenação que pendia sobre o homem e toda a criação. 
Disse que, ao se desligar da Fonte da Vida, o homem havia se precipitado em tão profundo  
  
abismo que não poderia ser alcançado pelo Seu braço de justiça e poder. 
Humilhado e torturado pelas garras do inimigo, não restava ao homem outra sorte além da morte - fruto doloroso de sua 
espontânea rebelião.

Considerando a situação humana, as hostes da luz não viam possibilidades de triunfo. 
Sabiam que só o homem poderia retomar o domínio do inimigo, devolvendo-o ao Criador. Mas o ser humano, 
eternamente escravizado em sua natureza, seria incapaz de tal vitória. 
Com voz melodiosa e cheia de ternura, Deus revelou o plano da redenção, dizendo: 
"Na verdade, o homem colherá o fruto de sua rebelião numa terrível morte. Não posso, com o meu poder, 
mudar-lhe a sorte. Se assim agisse, seria injusto diante de meu decreto. Mas farei cair toda a 
condenação sobre um Substituto que surgirá na descendência humana. Esse Homem não trará em 
suas mãos as algemas da morte, sendo inocente e incontaminado em Sua natureza. Como 
representante da raça humana, enfrentará Satã e o vencerá. Após triunfar nessa batalha, provando que 
o amor é mais forte que o egoísmo, que a verdade é mais forte que a mentira, que a humildade é mais 
poderosa que o orgulho, o fiel Substituto erguerá as mãos vitoriosas não para saudar a grande 
conquista, mas para tomar das mãos da humanidade escravizada a taça de sua condenação. Sorverá 
assim, submisso, o cálice da eterna morte. Esse imenso sacrifício abrirá aos seres humanos uma 
oportunidade de serem redimidos, voltando aos braços do Criador, juntamente com o domínio 
perdido." 
As hostes, surpresas ante a revelação de Yahwéh, indagaram a identidade d'Esse Substituto. O 
Criador, com um sorriso amoroso, disse-lhes: 
"Eu serei esse Homem. O Meu Espírito repousará sobre uma virgem, e nela será gerado um Filho Santo. Esse menino será divino e humano. Em sua humanidade, ele será submisso à divindade que n'Ele habitará. Os remidos verão n'Ele o Pai da Eternidade, o Criador e Redentor, o Rei dos reis. 
O Seu nome será Yoshua (nome hebraico que traduzido significa Yahwéh salva)." 
Assumindo a natureza humana, Deus poderia pagar o alto preço do resgate, morrendo em lugar dos pecadores.

As hostes da luz ficaram emudecidas ao conhecer o plano do Criador. O pensamento de verem-nO submeter-Se a tão penoso sacrifício, a fim de redimir o domínio perdido, era demais para 
suportarem. Não havia, contudo, outra esperança de vitória, a não ser através dessa amorosa entrega. 

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Após desfrutar o alto preço do pecado, o jovem casal sentiu-se mal. Inicialmente sentiram um 
grande vazio no coração, que logo foi preenchido pelo remorso e pela tristeza. Perceberam que, 
inspirados pela cobiça, haviam selado sua triste sorte e a de toda a criação. Parecia-lhes ouvir ao 
longe o gemido de um Universo vencido. 
O sol, que os enchera de vida e calor naquele dia, ocultava-se no horizonte, anunciando-lhes uma negra noite.
 O arrebol, que até ali anunciara-lhes o feliz encontro com o Criador, parecia 
envolve-los numa sentença de que jamais despertariam para um novo dia. Não ousavam sequer olhar 
para cima, temendo ver cair sobre eles o raio do juízo que os reduziria a pó. Com o olhar voltado para 
o frio solo, vinha-lhes à lembrança a sentença: "No dia em que dela comerdes, certamente morrereis." 
Desesperadas lágrimas rolavam em seus rostos ao aguardarem o trágico fim. 
Ao considerar o motivo de sua rebelião, Adão começou a recriminar sua esposa por ter dado 
ouvidos à serpente. Eva, por sua vez, procurando desculpar-se, lançou a culpa sobre o Criador, 
dizendo: "Por que Yahwéh permitiu que a serpente me enganasse?!" O amor que reinava no coração humano desaparecia, dando lugar ao orgulho e ao egoísmo, que 
se fundiam em ressentimentos e ódio. Sua natureza já não era pura e santa, mas corrompida e cheia 
de rebeldia. Tudo estava mudado. Mesmo a brisa mansa que até ali os havia banhado em carícias 
refrescantes, enregelava agora o culposo par. As árvores e os canteiros floridos, que eram seu deleite, 
consistiam agora em empecilhos ao caminharem sem rumo naquela noite. 
O propósito de Satã em encher o sábado de trevas parecia haver se cumprido. Naquela noite, 
não existia sequer o reflexo prateado do luar para falar-lhes de esperança. As estrelas cintilantes, 
suspensas no escuro céu, estavam ofuscadas pela dor. Baixavam sobre o mundo as trevas de uma 
longa noite de pecado - sombras sob as quais tantos se arrastariam sem esperança de um alvorecer. 

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A noite já ia alta e as trevas pareciam envolver o triste casal em eternas sombras. Nem sequer 
cogitavam em suas poucas palavras, sufocadas pela agonia, de um alvorecer. Cabisbaixo, tateavam 
daqui para ali, na expectativa do juízo iminente, que os reduziria ao frio pó, esquecido sob aquelas 
trevas sem fim. 
Surgiu repentinamente um brilho no céu, que ia aumentando à medida que se aproximava da 
Terra. O casal estremeceu, pois sabia que era o Criador que vinha dar-lhes o castigo. Vencidos pelo 
pânico, puseram-se a correr, distanciando-se do monte Sião, o lugar da vergonhosa queda. Justamente 
para ali viram o Criador dirigir-Se. Eles, que sempre corriam ao encontro do amoroso Pai, atraídos 
por Sua luz, fugiam agora desesperados em busca de lugares escuros, de densa floresta. 
Yahwéh, movido por infinito amor, passou a seguir os passos do casal fugitivo. Enquanto 
caminhava, chorava ao lembrar os momentos felizes que havia passado junto a eles naquele paraíso. 
Como tudo se transformara! Seus filhos não conseguiam mais ver n'Ele um Pai de amor, mas alguém 
que, irado, buscava castigá-los. 
Movido por forte anseio de abraçar Seus filhos humanos, Deus fez ecoar a voz numa 
indagação: "Adão, onde vocês se encontram?" Sua voz, ao soar em meio às trevas, trazia consigo 
somente um eco vazio que falava de ingratidão e rebeldia. Como desejava envolver o casal num 
ardoroso abraço, e com palavras de carinho confessar-lhe que Seu amor era o mesmo! 
Ao ver Seus filhos fugindo de Sua presença, Yahwéh foi tomado de grande dor. Ante Seu olhar 
mareado de lágrimas, estendia-se o futuro da raça humana. Quantos, enganados por Satã, fugiriam de 
Sua presença no decorrer da longa noite de pecado, julgando-No um Senhor tirano, que vive 
buscando falhas e fraquezas nos pecadores, a fim de castigá-los! O Criador, todavia, não desistiria de 
procurálos pelos vales sombrios do reino da morte, até conquistar um povo arrependido.