O Criador conhecendo o perigo dessa armadilha, entristeceu-se, pois ao olhar para o futuro,
pode ver tantos filhos Seus sendo desviados do caminho da salvação. Quantos se apegariam aos
símbolos julgando encontrar neles virtude!
Deus em seu amor e cuidado, não os deixaria inconscientes do perigo que os ameaçava. Sabia o
quanto Adão e sua companheira amavam aqueles cordeiros que, ao morrerem sobre o altar,
ofereciam-lhes luz e calor. Facilmente poderiam ser induzidos a vê-los como fontes de vida e luz,
passando a reverenciá-los.
----****----
Muitas semanas já haviam passado, trazendo consigo as noites de dor e sacrifício, seguidas
pelos dias de esperança e saudade dAquele Pai carinhoso, o qual depois de fazer-lhes promessas e
enxugar suas lágrimas, tornara-Se invisível diante de seus olhos. Cada dia que passava, trazia para o
casal novo fardo de saudade, fazendo-os indagar a cada entardecer: - Quando beijaremos novamente
Sua face? Quando seremos envolvidos por Seus braços, caminhando sob a luz de Seu amor?! Quanta
saudade sentiam daquelas noites edênicas, quando adormeciam no colo macio de seu divino Pai!
Mais uma semana de trabalho e lições aprendidas estava findando. O sol em seu declinar
anunciava outra noite de arrependimento e de sangue inocente a banhar o altar.O silente casal estava
longe de imaginar que naquela noite, o doloroso golpe que sempre era seguido pelo fogo, revelarialhes a face bendita do Pai.
Com as mãos trêmulas, Adão ergue o cordeiro que, mudo, não faz nenhuma resistência ao ser
deposto sobre o altar. Lágrimas rolam em seu rosto ao pensar que mais um inocente animal
mergulhará nas odiadas trevas da morte, para com seu sangue gerar a luz. É doloroso sacrificar, mas
não há outro caminho de salvação. Unicamente através do sangue derramado do cordeiro, poderão
viver para contemplar no futuro a face do Pai.
Num penoso esforço Adão faz cair aquela pedra pontuda sobre o cordeirinho que, num gemido
de dor derrama o seu sangue. Uma Luz gloriosa logo bane as trevas inundando toda a colina com
seus raios de vida. Através das lágrimas o casal então contempla em meio ao fogo do altar, o Criador.
Num gesto de amor, Deus abre os Seus braços como outrora, e com um sorriso caminha para o
tão almejado abraço. Sem encontrar palavras que expressem sua imensa saudade, o casal lança-se ao
Seu peito e chora amargamente divino Pai, comovido, também chora, mas procura consolar seus
filhos, com seu doce sorriso.
Com emoção o casal contempla a face do Pai, envolvendo-a com beijos e carinhos. O amor
deles por Ele fora intensificado pelo sofrimento.
Gratos e felizes, caminham ao lado do Criador, mostrando-lhe os jardins carregados de flores e
frutos. Contam-lhe das lições aprendidas junto à natureza; Mostram-Lhe o rebanho domado pelo
afeto.
Iluminados pela suave luz do Eterno Pai, o casal assenta-se aos Seus pés como outrora, para
ouvir Seus ensinamentos. O Criador, olhando-os com ternura, passa a adverti-los do perigo. Orientaos a respeito dos sacrifícios de cordeiros, que eram importantes no sentido de manterem sempre em
mente a certeza de um Salvador vindouro que, como os cordeiros, seria sacrificado para redenção
dos pecadores. Os cordeiros, contudo, não possuíam em si poder para perdoar as culpas, pois
consistiam apenas símbolos do Messias Rei.
Depois de serem conscientizados do perigo de apegarem-se aos símbolos buscando encontrar
neles a salvação, o casal recebeu a incumbência de transmitir essas orientações aos seus
descendentes.
----****----
Depois de advertir o ser humano, o Criador pousando o olhar sobre as ovelhas que jaziam
adormecidas junto aos seus filhotinhos, exclamou: - Como são belos os cordeirinhos! O casal, num
misto de felicidade e dor acrescentou:- Eles quando acordados saltam de prazer, esquecidos de que ao
nascerem e ao morrerem causam tanta dor!
Depois de contemplar os cordeirinhos, Deus fitou o casal com ternura, revelando-lhes algo que
os surpreendeu e alegrou:
-Quando desses cordeiros trinta e seis houverem subido ao altar, os vossos braços envolverão
o primeiro filho que ,como eles surgirá também da dor. Esse filho em sua infância lhes trará alegria
saltando como os cordeirinhos em vosso lar. Devereis instruí-lo com dedicação nas leis da
harmonia, mostrando-lhes o caminho da redenção. Como vocês, ele será livre para escolher o rumo
a seguir.
Aceitando o ensinamento, sua vida será vitoriosa; rejeitando-o, caminhará para a derrota.Adão e Eva ouviram com alegria a promessa divina, mas ao mesmo tempo experimentaram no
profundo do ser um temor ao conscientizar-se da responsabilidade que teriam. Sabiam que Satã faria
todos os esforços para levar a criança prometida à perdição.
Era noite alta quando o Criador, depois de acariciar seus filhos, os deixou adormecidos sobre o
gramado macio.
----****----
Depois da promessa, cada cordeirinho levado ao altar fazia pulsar mais forte no ventre materno
a esperança da alegria que em breve alcançariam.Trinta e seis finalmente baixaram às trevas
cumprindo o tempo determinado pelo Criador em que a primeira criança receberia a luz.
Com as mãos ainda manchadas pelo sangue do sacrifício, Adão amparou sua esposa que, aos
pés do altar prostrou-se vencida pela dor que lhe trouxe o primeiro filho. A pequena criança não
trazia na face a alegria da liberdade, mas o choro de sua prisão; Esse pranto duraria a noite inteira,
não fosse o brilho daquela chama aquecida de esperança que, logo atraiu a atenção de seus olhinhos
atentos. Envolvendo-o com alegria, Eva consolada de seu sofrimento, disse: “Alcancei do Senhor a
promessa”. Deu-lhe então o nome de Caim.
Depois de envolver o filhinho com as peles macias de um cordeiro, o casal permaneceu
acordado a meditar. Muitos eram os pensamentos que ocupavam suas mentes: pensamentos de
alegria, de gratidão, de esperança e de anseio pelo senso da responsabilidade que agora pesava sobre
seus ombros.
Acariciando com ternura a pequena criança, o casal amadureceu em sua experiência,
compreendendo melhor o misterioso amor de Deus que, para salvar Seus filhos, dispôs-se a morrer
em lugar deles.
Adão e Eva não estavam sozinhos em suas reflexões: todos os seres inteligentes do Universo
consideravam com interesse sobre o futuro daquele indefeso bebê que no íntimo trazia um reino de
dimensões infinitas, a ser disputado pelos dois poderes em luta. Quem seria o Senhor de sua vida?!
Trilhariam os seus pés o caminho ascendente que leva à vida, ou a estrada descendente que termina
no abismo de uma eterna morte?!
Vendo a criança esboçar o seu primeiro sorriso, o casal subtamente lembrou-se da promessa do
Criador que era confirmada em cada sacrifício : Ele nasceria da mulher como criança, com a missão
de redimir a humanidade. Não seria Caim já o cumprimento da promessa? O infante com seus
olhinhos brilhantes de alegria se parecia tanto com os cordeirinhos que nasciam e cresciam com a
missão de serem sacrificados! Considerando assim, o casal apertando o filhinho junto ao peito
começou a chorar sem consolo. Quão terrível, seria oferecer seu filhinho inocente ao rude altar!
Para o casal compungido pela dor, surgiu em fim o brilhante sol fazendo reviver com seus
cálidos raios as promessas que apontavam para um Salvador que, ainda no futuro, nasceria também
da dor para cumprir o eterno plano de redenção.
Deus em seu amor e cuidado, não os deixaria inconscientes do perigo que os ameaçava. Sabia o
quanto Adão e sua companheira amavam aqueles cordeiros que, ao morrerem sobre o altar,
ofereciam-lhes luz e calor. Facilmente poderiam ser induzidos a vê-los como fontes de vida e luz,
passando a reverenciá-los.
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Muitas semanas já haviam passado, trazendo consigo as noites de dor e sacrifício, seguidas
pelos dias de esperança e saudade dAquele Pai carinhoso, o qual depois de fazer-lhes promessas e
enxugar suas lágrimas, tornara-Se invisível diante de seus olhos. Cada dia que passava, trazia para o
casal novo fardo de saudade, fazendo-os indagar a cada entardecer: - Quando beijaremos novamente
Sua face? Quando seremos envolvidos por Seus braços, caminhando sob a luz de Seu amor?! Quanta
saudade sentiam daquelas noites edênicas, quando adormeciam no colo macio de seu divino Pai!
Mais uma semana de trabalho e lições aprendidas estava findando. O sol em seu declinar
anunciava outra noite de arrependimento e de sangue inocente a banhar o altar.O silente casal estava
longe de imaginar que naquela noite, o doloroso golpe que sempre era seguido pelo fogo, revelarialhes a face bendita do Pai.
Com as mãos trêmulas, Adão ergue o cordeiro que, mudo, não faz nenhuma resistência ao ser
deposto sobre o altar. Lágrimas rolam em seu rosto ao pensar que mais um inocente animal
mergulhará nas odiadas trevas da morte, para com seu sangue gerar a luz. É doloroso sacrificar, mas
não há outro caminho de salvação. Unicamente através do sangue derramado do cordeiro, poderão
viver para contemplar no futuro a face do Pai.
Num penoso esforço Adão faz cair aquela pedra pontuda sobre o cordeirinho que, num gemido
de dor derrama o seu sangue. Uma Luz gloriosa logo bane as trevas inundando toda a colina com
seus raios de vida. Através das lágrimas o casal então contempla em meio ao fogo do altar, o Criador.
Num gesto de amor, Deus abre os Seus braços como outrora, e com um sorriso caminha para o
tão almejado abraço. Sem encontrar palavras que expressem sua imensa saudade, o casal lança-se ao
Seu peito e chora amargamente divino Pai, comovido, também chora, mas procura consolar seus
filhos, com seu doce sorriso.
Com emoção o casal contempla a face do Pai, envolvendo-a com beijos e carinhos. O amor
deles por Ele fora intensificado pelo sofrimento.
Gratos e felizes, caminham ao lado do Criador, mostrando-lhe os jardins carregados de flores e
frutos. Contam-lhe das lições aprendidas junto à natureza; Mostram-Lhe o rebanho domado pelo
afeto.
Iluminados pela suave luz do Eterno Pai, o casal assenta-se aos Seus pés como outrora, para
ouvir Seus ensinamentos. O Criador, olhando-os com ternura, passa a adverti-los do perigo. Orientaos a respeito dos sacrifícios de cordeiros, que eram importantes no sentido de manterem sempre em
mente a certeza de um Salvador vindouro que, como os cordeiros, seria sacrificado para redenção
dos pecadores. Os cordeiros, contudo, não possuíam em si poder para perdoar as culpas, pois
consistiam apenas símbolos do Messias Rei.
Depois de serem conscientizados do perigo de apegarem-se aos símbolos buscando encontrar
neles a salvação, o casal recebeu a incumbência de transmitir essas orientações aos seus
descendentes.
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Depois de advertir o ser humano, o Criador pousando o olhar sobre as ovelhas que jaziam
adormecidas junto aos seus filhotinhos, exclamou: - Como são belos os cordeirinhos! O casal, num
misto de felicidade e dor acrescentou:- Eles quando acordados saltam de prazer, esquecidos de que ao
nascerem e ao morrerem causam tanta dor!
Depois de contemplar os cordeirinhos, Deus fitou o casal com ternura, revelando-lhes algo que
os surpreendeu e alegrou:
-Quando desses cordeiros trinta e seis houverem subido ao altar, os vossos braços envolverão
o primeiro filho que ,como eles surgirá também da dor. Esse filho em sua infância lhes trará alegria
saltando como os cordeirinhos em vosso lar. Devereis instruí-lo com dedicação nas leis da
harmonia, mostrando-lhes o caminho da redenção. Como vocês, ele será livre para escolher o rumo
a seguir.
Aceitando o ensinamento, sua vida será vitoriosa; rejeitando-o, caminhará para a derrota.Adão e Eva ouviram com alegria a promessa divina, mas ao mesmo tempo experimentaram no
profundo do ser um temor ao conscientizar-se da responsabilidade que teriam. Sabiam que Satã faria
todos os esforços para levar a criança prometida à perdição.
Era noite alta quando o Criador, depois de acariciar seus filhos, os deixou adormecidos sobre o
gramado macio.
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Depois da promessa, cada cordeirinho levado ao altar fazia pulsar mais forte no ventre materno
a esperança da alegria que em breve alcançariam.Trinta e seis finalmente baixaram às trevas
cumprindo o tempo determinado pelo Criador em que a primeira criança receberia a luz.
Com as mãos ainda manchadas pelo sangue do sacrifício, Adão amparou sua esposa que, aos
pés do altar prostrou-se vencida pela dor que lhe trouxe o primeiro filho. A pequena criança não
trazia na face a alegria da liberdade, mas o choro de sua prisão; Esse pranto duraria a noite inteira,
não fosse o brilho daquela chama aquecida de esperança que, logo atraiu a atenção de seus olhinhos
atentos. Envolvendo-o com alegria, Eva consolada de seu sofrimento, disse: “Alcancei do Senhor a
promessa”. Deu-lhe então o nome de Caim.
Depois de envolver o filhinho com as peles macias de um cordeiro, o casal permaneceu
acordado a meditar. Muitos eram os pensamentos que ocupavam suas mentes: pensamentos de
alegria, de gratidão, de esperança e de anseio pelo senso da responsabilidade que agora pesava sobre
seus ombros.
Acariciando com ternura a pequena criança, o casal amadureceu em sua experiência,
compreendendo melhor o misterioso amor de Deus que, para salvar Seus filhos, dispôs-se a morrer
em lugar deles.
Adão e Eva não estavam sozinhos em suas reflexões: todos os seres inteligentes do Universo
consideravam com interesse sobre o futuro daquele indefeso bebê que no íntimo trazia um reino de
dimensões infinitas, a ser disputado pelos dois poderes em luta. Quem seria o Senhor de sua vida?!
Trilhariam os seus pés o caminho ascendente que leva à vida, ou a estrada descendente que termina
no abismo de uma eterna morte?!
Vendo a criança esboçar o seu primeiro sorriso, o casal subtamente lembrou-se da promessa do
Criador que era confirmada em cada sacrifício : Ele nasceria da mulher como criança, com a missão
de redimir a humanidade. Não seria Caim já o cumprimento da promessa? O infante com seus
olhinhos brilhantes de alegria se parecia tanto com os cordeirinhos que nasciam e cresciam com a
missão de serem sacrificados! Considerando assim, o casal apertando o filhinho junto ao peito
começou a chorar sem consolo. Quão terrível, seria oferecer seu filhinho inocente ao rude altar!
Para o casal compungido pela dor, surgiu em fim o brilhante sol fazendo reviver com seus
cálidos raios as promessas que apontavam para um Salvador que, ainda no futuro, nasceria também
da dor para cumprir o eterno plano de redenção.
Abençoada pelo Criador e envolvida pelo amor e cuidado dos pais, a criança se desenvolvia
em sua natureza física e mental, tornando-se a cada dia alvo maior de uma incansável batalha entre as
hostes espirituais.
Adão e Eva, ansiosos por fazê-lo compreender as verdades da salvação, tomavam-no nos
braços a cada alvorecer e, à beira do altar lhe apontavam o Éden distante, contando aquelas histórias
de emoção as quais o pequeno Caim ainda não conseguia compreender. Qual foi a alegria daqueles
pais, ao vê-lo numa manhã de sol, apontar com a mãozinha para o lar da saudade, pronunciando o
nome sagrado do Criador. Emocionados tomaram-no nos braços, pedindo-o para repetir esse sublime
nome que, qual chave de felicidade, sempre descerrava-lhes um paraíso de eterno amor.
Todas as hostes da luz inclinaram-se com alegria ao ouvir a pequena criança pronunciar o nome
do divino Rei.
----****----
As semanas iam se passando trazendo consigo novas vítimas para o altar, e o pequeno Caim,
alvo da atenção e cuidado de Deus, das hostes da luz e daqueles amantes pais incansáveis na missão
de instruí-lo, agrupando suas poucas palavras, sempre curiosos com tudo passou a interrogar. O dia declinava quando o menino, que jazia ao colo de sua mãe, perguntou-lhe:
-Mamãe, por que o sol sempre vai-se embora, deixando a gente no frio da escuridão?”
Eva, surpresa contemplou seu filho, sem encontrar palavras para responder-lhe a indagação que
trouxe-lhe à lembrança o passado de felicidade destruído por sua culpa. Após um momento de
silêncio, beijando a face do pequeno Caim, disse-lhe:
- Filhinho, um dia o sol virá para ficar, trazendo em seus raios um mundo só de harmonia; já
não haverá animaizinhos a brigar, nem cordeirinhos a morrerem sobre o altar”
O pequeno Caim desejando ver raiar logo esse dia, disse para sua mãe:
-Mamãe, amanhã o sol nascerá no paraíso; Pede para ele ficar! Assim poderei brincar,
brincar, e nunca mais dormir”.
Ansioso em ver raiar o dia que não teria fim, o pequenino Caim somente adormeceu após fazer
sua mãe prometer que pediria ao sol para permanecer .
----****----
Um novo dia de sol radiante a caminhar pelo céu surgiu para Caim, trazendo em seus raios
alegria e calor. Enquanto brincava no jardim, seus olhinhos curiosos voltavam-se muitas vezes para
o sol que parecia acariciá-lo com um sorriso de esperança.Vendo-o, porém, caminhar em direção do
ocidente, o pequeno correu para sua mãe, perguntando-lhe:- Mamãe,ele prometeu ficar?”Eva,
tomando-o nos braços, sorriu-lhe procurando fazê-lo compreender com palavras simples, enquanto
apontava-lhe o paraíso distante, a história da redenção.O sol viria um dia para ficar.
Caim, insatisfeito com as palavras da mãe, demonstrou não ter paciência para aguardar esse dia
que jazia em distante futuro. Repetia em pranto: -”Eu quero o sol hoje , amanhã não!”
Eva, pacientemente, procurou acalmar seu filho, falando sobre a luz de Deus, que pode tornar a
noite em dia. Ele o amava e poderia encher seu coraçãozinho de brilho, de alegria e paciência.
Poderia assim, aguardar feliz o dia de seus sonhos.
Balançando a cabecinha em rejeição ao consolo da mãe, Caim proferiu entre soluços:-”Eu
quero o sol porque eu posso vê-lo, Yahwéh não”.
Como uma seta dolorosa as palavras de rebeldia de Caim penetraram no coração de Eva,
fazendo-a chorar amargamente. Os fiéis em todo o Universo uniram-se nesse pranto.Uma tristeza
infinita pairava sobre o coração do Criador rejeitado. Esboçavam-se nos gestos de Caim os primeiros
passos pelo caminho descendente da rebeldia.Quantos o seguiriam rumo à morte!
----****----
Inconsciente da tristeza que abatera-se sobre o reino da luz, Adão, ao ver o sol declinar no
horizonte, deixou seu trabalho no campo rumando-se para casa.Tinha um cântico no coração ao
caminhar para mais um encontro com os seus.
Ao aproximar-se do altar, viu junto dele sua companheira prostrada em pranto.O pequeno Caim
jazia também ali a chorar .Tomando-o nos braços, Adão perguntou-lhe com anseio: -”O que
aconteceu meu filho?” Caim tristemente respondeu: -”Mamãe deixou o sol ir embora”
Amparando o filho com seu braço esquerdo, Adão pousou sua mão direita sobre o ombro de
Eva, mas não encontrou palavras para consolá-la. A frase dita por seu filhinho, pareceu rasgar-lhe o
coração, fazendo-o reviver a queda.
Depois de refletir, Adão sentindo-se culpado respondeu para Caim:- ”Foi o papai quem deixou
o sol ir embora meu filho!”.
Com soluços de grande grande tristeza, Adão uniu-se a eles no pranto.A lembrança do
Salvador, contudo, o consolou. Enxugando suas lágrimas e as de seu filhinho, disse-lhe com ternura:-
”Podemos nos alegrar filhinho ,pois Deus prometeu fazer o sol para sempre brilhar no céu; ele será
como o fogo que surge no altar,banindo as trevas da noite”.
Com os olhinhos voltados para o último clarão do arrebol, Caim permaneceu sem consolo.
Naquele entardecer, não houve como de costume um alegre jantar.A pequena família,
entristecida, permaneceu silente a meditar por longas horas, até sonolentos adormecerem sob a luz
das estrelas.
----****----
O inimigo e suas hostes, em sarcasmo de maldade zombaram naquela noite do sofrimento de
Deus e Seus fiéis. Repetindo as palavras de rebeldia do pequeno Caim, ufanava-se como vencedor.
Num desafio ao Criador pronunciou : - Veja como esse meu pequeno escravo te rejeita! O mesmo se
dará com todos aqueles que hão de nascer.Estou certo de que o direito de domínio jamais sairá de
minhas mãos.
Todas as hostes rebeldes repetiram em eco as afrontas do enganador, humilhando os súditos da
luz que sofriam do lado de Yahwéh.
Com suas afrontas, o inimigo procurava fazer Deus desistir de Seu plano de redenção. Se isso
acontecesse, seu reino de trevas se estenderia por toda a eternidade , suplantando o domínio da luz.
Em resposta ao desafio do inimigo, Yahwéh afirmou solenemente : - Ainda que todos me
rejeitem , Eu cumprirei a promessa.
----****----
O Criador não suportava o pensamento de ver o pequeno Caim caminhar para a perdição. Por
ele intercedia a cada dia, oferecendo ante a justiça o Seu sangue que verteria. Anjos poderosos
guardavam-no a cada momento, espancando as trevas espirituais que o acercavam procurando tornálo insensível aos benefícios da salvação , que eram ilustrados pelos símbolos.
Adão e Eva em seu incansável ministério de amor, todos os dias ensinavam a Caim as lições
espirituais ilustradas na natureza.Em cada sábado procuravam firmar em sua mente juvenil a
esperança de uma vida eterna, que seria fruto do sacrifício do Salvador.Ele depois de viver uma vida
sem pecado, morreria como um cordeiro , para poder expulsar para sempre as trevas.
Caim comovia-se às vezes com os ensinamentos , mas quase sempre questionava vacilante.
Revoltado perguntava: - Por que Samael foi se rebelar?!
Certa noite, recusando ouvir os conselhos de seus pais, os acusou de todo o mal dizendo: -Se
agora não temos um sol a brilhar, é por culpa de vocês.”
----****----
A contemplação do Éden distante banhado em sol fez nascer no coração juvenil de Caim
pensamentos de aventura. Ele começou a pensar : “Este paraíso não está tão longe como afirmam
papai e mamãe.Por que esperar e sofrer tanto tempo?! Ele é tão belo! É dele que surge todos os dias o
sol! Se o conquistarmos, será fácil deter a luz em sua nascente; Assim viveremos num paraíso de
eterno sol.
As idéias de aventura de Caim, enchiam o coração de Adão e Eva de tristeza.Viam que seu
interesse era somente pelo tempo presente; ele sonhava com um paraíso de felicidade e luz
conquistado por sua força.Em seus planos, não sentia necessidade de um Salvador; - Para que, se era
tão jovem, inteligente , cheio de vida e ideais?- dizia.
----****----
Os dias de lutas, intercessões e sacrifícios pelo destino de Caim foram se passando.
Oportunidades preciosas surgiam em cada dia diante dele para se apegar ao Salvador, mas a todas
rejeitava, uma por uma. Em sua incredulidade chegou a duvidar da existência desse Deus, o qual
jamais vira.
Aos pais que, aflitos mas sempre com paciência, procuravam livrá-lo da perdição para a qual
estava caminhando, prometeu um dia , após sorrir com ar de incredulidade, crer no Criador e em Seu
plano de salvação, caso Ele se tornasse visível na hora do sacrifício.
Com ardente fé, aqueles pais passaram a clamar ao Eterno. Sua presença visível poderia, quem
sabe, salvar aquele filho querido que a cada dia tornava-se mais rebelde.
----****----
O Criador ouviu o clamor dos pais aflitos. Embora soubesse que Sua aparição dificilmente
quebraria no coração do jovem Caim seu espírito rebelde, estava disposto a cumprir o pedido.
Estenderia os braços amigos a Caim, procurando com amor conquistar-lhe o coração. Como conhecia
os seus anseios e sonhos de aventura, facilmente poderia identificar-Se com ele, cativando-o, pois era
também Alguém que sempre carregara no peito sonhos de aventura; Não fora a criação do Universo
uma grande aventura?! Não fora o Seu sonho vê-lo cravejado de sóis fulgurantes, iluminando bilhões
de mundos com o seu brilho?! Não era também o Seu maior atravessar o vale da morte, em busca
da conquista do Éden distante, prendendo para sempre o Sol em seu céu?! Tinham muita coisa em
comum!
Caim estava curioso naquela sexta-feira. Na face dos pais, via ânimo e alegria, frutos de uma
fé grandiosa. Incentivado por essa expressão de confiança, o jovem passou a ajudá-los nos
preparativos para o santo sábado.
O Sol finalmente esquivou-se rolando para o poente, deixando como de costume seu rastro de
saudade que anunciava medo. Em meio às trevas, Caim discerniu o vulto branco do cordeiro sendo
erguido para o altar pelas mãos do pai - esse incansável sacerdote que sempre estava implorando ao
Criador pela salvação de seu amado filho.
Com a mão erguida, Adão preparava-se para o golpe que poderia, quem sabe, quebrar no
coração de Caim sua incredulidade, fazendo nascer num só momento a crença na salvação. De seus
lábios escapa-se então a prece da fé: - Pai Eterno, ouve o meu pedido; Meu filho precisa de Ti!
Somente um olhar Teu poderá conquistá-lo. Venha Senhor!! Esta oração sincera caiu nos ouvidos daquele filho comovendo-o. Somente a prece já seria
suficiente para convencê-lo da existência real de um Salvador.
Enquanto enxuga as lágrimas da emoção, Caim estremece ao ouvir o ruído do golpe da morte.
Tudo era solene naquele momento; Viria o Criador do mundo em resposta à oração do amor?! Como
O encararia em sua incredulidade?!
Um forte brilho envolveu logo toda a colina banhando também o vale oriental .Os olhos
arregalados de Caim pousaram então nos olhos amáveis do Criador, que trazia na face um brilho
superior ao do sol, mas não ofuscante. Contemplando-O com admiração, Caim exclamou: -Ele é
jovem como eu, e se parece com o Sol!
Adão e Eva, comovidos pela grande saudade tinham vontade de saltar ao peito do Salvador e
beijá-Lo, mas deixaram que Ele Se encontrasse primeiro com Caim. Com alegria , viram o precioso
filho envolvido nos braços do grande amigo, que era parecido com o seu astro.
Depois de longo abraço, Deus abraçou e beijou também o querido casal, companheiros no
sofrimento.
Com alegria, saíram a passear pelos jardins da colina. Ao centro iam o Criador e Caim,
ladeados por Adão e sua companheira. Quanta felicidade experimentavam nesses passos! Estavam
completos.
Caim, conquistado pela afeição do Pai Eterno, mostrou-Lhe seus animais de estimação e seu
pequeno jardim carregado de lindas flores. Como estava encantado por vê-los coloridos naquela noite
desfeita pelo brilho do Criador, como sob a luz do dia! Parecia até mesmo que o Sol baixara a eles.Ao pensar no Sol, Caim como o amava muito, passou a falar sobre ele dizendo:
- Como ele é belo e bom! Quando ele vai-se embora, deixa em suas lágrimas de sangue um
sentimento de tristeza e temor .Tudo desaparece em sua ausência : os animais, o jardim; até os
passarinhos silenciam os seus cantos! ...Mas basta ele dizer que vai aparecer, tudo se enche de
encanto; A natureza se desperta de mansinho, parecendo ainda temer as trevas, mas quando as vê
fugir , fica alerta e canta; Os animais, os passarinhos, o jardim,... tudo volta a viver feliz! Mas, esta
felicidade sempre acaba!!!
Após falar estas palavras, Caim fitando o Criador indagou curioso:
- Papai sempre diz que foi você quem criou o Sol. É verdade?
Com um sorriso de sinceridade Deus respondeu-lhe que sim.
-Quando Você o fez no princípio, continuou Caim, ele já fugia para o poente?
-Ele nunca foge, respondeu o Eterno, é o mundo quem foge dele.Ele fica triste com essa
ingratidão!
--Mas como? Perguntou Caim, contemplando curioso Sua face de luz .
Com palavras carinhosas, Deus passou a contar-lhe a história de Lúcifer que, em sua
ingratidão baniu de seus olhos e dos olhos de uma multidão de criaturas, o brilho de Sua face - o
Verdadeiro Sol. Depois de assim agir, iludiu a muitos dizendo que foi o Sol quem fugiu deles. Com
sua astúcia, continuou o Criador, o anjo rebelde procurou arrastar o ser humano para as trevas, e
conseguiu. O Sol naquele dia, chorou tantas lágrimas de sangue, que banhou todo o céu. Em seu
último suspiro de luz, porém, ele prometeu ao mundo já tomado pelas trevas, voltar um dia a brilhar
para sempre, enchendo todo o seu seio de vida.
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